Ex-ministro defende retomada da política de preços mínimos para proteger agricultura

25/11/2008 - 13h02

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ex-ministro daAgricultura Roberto Rodrigues defendeu hoje (25) a retomada dapolítica de preços mínimos (PGPM) pelo governofederal como um instrumento de proteção do setor contrauma possível recessão global em 2010, provocada pelacrise financeira internacional.Segundo Rodrigues, com o recálculo imediatoda política de preços mínimos, levando-se emconta os custos de produção, que subiram muito nosúltimos anos, os bancos perderiam o medo de conceder crédito,porque isso reduziria o risco de inadimplência mais àfrente. Além disso, o produtor “sai da aventura e vai parauma posição mais consistente”, disse o ex-ministro,ao participar do 10º Congresso de Agribusiness da SociedadeNacional de Agricultura (SNA).Rodrigues disse que a segunda medida seria umainjeção de dinheiro no Orçamento, por intermédiodo Tesouro Nacional, para que o governo possa superar a crise demaneira adequada. “Isso é imediato, é coisaemergencial. Tem que fazer já”. Do lado estrutural ou estratégico, eledestacou a necessidade de uma "reforma profunda no créditorural", que “garanta a renda do produtor rural com segurofuncionando”. As mudanças estão sendo discutidas como Banco do Brasil. No entanto, “para que a crise eventual daagricultura não afete o Brasil em 2010, o preço mínimoé suficiente”, destacou o ex-ministro. Para ele, oimportante é que esse preço mínimo “sejaverdadeiro e não uma coisa política”.A PGPM abrange,basicamente, os produtos que compõem a cesta básica. De acordo com Rodrigues, não hánenhuma expectativa de redução da demanda por alimentosno mundo, e os preços não devem cair mais até acolheita do próximo ano. Entretanto, se a crise internacionalse transformar em recessão global, advertiu o ex-ministro,acabará prejudicando os países emergentes, sobretudo naprodução industrial destinada à exportaçãopara os países ricos. Nesse cenário, com o desempregocrescendo nos países em desenvolvimento, é que haveriaredução da demanda por alimentos e queda nos preços.Ele disse que, se os preços caírem,mas o dólar continuar valorizado como está hoje, aagricultura não sofrerá muito, porque existecompensação. Porém, se os preços caírem,e o dólar também se desvalorizar, “será oinferno tenebroso para a agricultura brasileira no ano que vem,porque os produtores vão ficar sem capacidade financeira paraplantar uma safra adequada em 2009”.O ex-ministro teme que o quadro se agrave caso seconfirme a intenção dos países ricos de diminuira área plantada no ano que vem. Com isso, a oferta doHemisfério Norte seria menor do que a deste ano. E, se a safrados países emergentes também for pequena, haveráem 2010 um problema sério de oferta de alimentos em relaçãoà demanda mundial, o que poderá provocar inflação,inclusive no Brasil, reduzindo os excedentes exportáveis ecriando uma redução do superávit, eventualmenteum déficit comercial, acrescentou. De acordo com Rodrigues, também poderáhaver um problema interno de demanda por importação deprodutos agrícolas, o que não tem ocorrido no país.“E isso é ruim para a agricultura do Brasil.” Para ele, aagricultura brasileira alcançou dimensões tãoexpressivas que o país pode liderar um projeto mundial nãoapenas na área dos biocombustíveis: “Podemos liderarum programa que mude a geopolítica global.”