Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Criadoum ano após o assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, o Posto doInstituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Anapu (PA) é o exemplodas dificuldades que o município enfrenta para conciliar a preservação daFloresta Amazônica com o desenvolvimento econômico da região.Instalada em uma casa em frente à única delegacia da Polícia Militar da cidade, a unidadedo Incra tem apenas um veículo e três servidores para atuar em área deaproximadamente 10 mil quilômetros quadrados. Ocoordenador do posto, Antonio Paiva dos Santos, ajuda pessoalmente noatendimento aos agricultores que tentam obter uma área e aos assentados que jáforam beneficiados com lotes da reforma agrária. Ele reconhece que a estruturado Incra em Anapu é insuficiente para atender a demanda. "Nossaorientação é para que os assentados desmatem apenas as áreas que em vãotrabalhar, respeitem as permissões e as margens dos igarapés", disse ocoordenador, que pela falta de uma representação do Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no município acaba tambémassumindo a função de orientar ecologicamente os assentados.Hojeem Anapu existem dois tipos de assentamento: os PA's, que são os Projetos deAssentamento antigos, iniciados na década de 70, e os PDS`s, que são osProjetos de Desenvolvimento Sustentável, idealizados por Dorothy Stang. ParaSantos, os novos assentamentos são mais viáveis para a preservação da mata. Ocoordenador do Incra em Anapu avalia que o governo deveria investir mais naconscientização dos agricultores e na estrutura dos órgão que atuamdiretamente na floresta, como o próprio Incra e o Ibama. "Osórgãos pecam muito na orientação dos agricultores. Antes de enviar a repressãoe a punição, o governo deveria melhorar a assistência e a estrutura de quematua por aqui", disse Santos.