Rede Nacional de Pesquisas em Malária é formalizada em Manaus

01/11/2008 - 12h54

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - A criação da Rede Nacional de Pesquisas em Malária - ou Rede Malária - foi um dos principais resultados da 11ª. Reunião Nacional de Pesquisa em Malária e da 1ª Reunião Inter-Amazônica em Malária, realizadas esta semana, em Manaus. A Rede Malária é uma iniciativa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), em parceria com as Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) do Pará (Fapespa), Maranhão (Fapema), Minas Gerais (Fapemig), Mato Grosso (Fapemat), São Paulo (Fapesp) e Rio de Janeiro (Faperj), além do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Ministério da Saúde, por meio do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit). A previsão é que o orçamento da Rede Malária possa alcançar R$ 30 milhões para investimentos nas primeiras pesquisas, a partir de convênio com o ministério.Durante o encontro na capital amazonense, cerca de de 250 estudantes, professores e pesquisadores também intensificaram o debate a respeito das pesquisas sobre a vacina contra malária e esperam, a partir de então, concretizar a troca de experiências em resultados mais promissores no futuro. Segundo pesquisadores, as vacinas que existem contra malária atualmente não são consideradas satisfatórias porque ainda não apresentam a eficácia desejada. As possibilidades de estudos sobre os pacientes portadores de malária que não apresentam os sintomas da doença também estiveram entre os principais assuntos tratados. Na avaliação do diretor da Fiocruz Amazônia, Roberto Sena, malária é um dos principais problemas de saúde tropical no país e por isso deve ser prevenida e contar com pesquisas que avancem rumo à sua extinção.Sena lembrou que os eventos também contaram com a participação de pesquisadores que vieram da Espanha, Estados Unidos e Colômbia. A região amazônica tem mesmo que se mobilizar para estudar a temática porque 99% dos casos estão aqui, apesar de a malária estar diminuindo no Amazonas, por exemplo. "Não devemos esperar uma crise ou epidemias para investir nas pesquisas em malária. A prevenção começa muito antes", declarou Sena. Segundo o o médico Marcus Vinícius Lacerda, especialista em Doenças Infecciosas e Parasitárias da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMT-AM), existe uma sobrecarga muito grande da malária na região Norte, resultando, por exemplo, em motivos concretos para que as pessoas deixem de ir à escola ou ao trabalho. Para o pesquisador, a permanência da malária numa região pode impedir o seu desenvolvimento. Crianças em atividade escolar que pegam malária várias vezes ao ano não têm condições de aprender como uma criança saudável e isso logicamente impacta no aprendizado no fim do ano. Doenças como a malária podem retardar o desenvolvimento do país, porque podem impedir que seus jovens cheguem às universidades", explicou o especialista. Os eventos em Manaus foram coordenados pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Instituto Leônidas e Maria Deane da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Amazônia), FMT-AM e Fundação de Vigilância Sanitária. Também estiveram presentes técnicos do Ministério da Saúde, Organização Pan-Americana de Saúde e da Organização Mundial de Saúde. Dados do Ministério da Saúde mostram que 99,9% dos casos de malária no Brasil são registrados nos 807 municípios da Amazônia, sendo cerca de 60 deles são  responsáveis pela notificação de 80% dos casos contabilizados.  De 2006 para 2007, os casos de malária aumentaram 5,7% na Amazônia. Em 2008, no entanto, os casos na Amazônia diminuíram 34,8% nos cinco primeiros meses do ano – em comparação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a maio de 2008, foram notificados 121.132 casos da doença, contra 185.983 em 2007. Na região Norte do Brasil, em número de casos absolutos de malária, o Amazonas perde apenas para Acre e Rondônia, segundo a Secretaria de Saúde do estado.