Amorim defende fim da liberdade absoluta do mercado financeiro

25/09/2008 - 16h18

Sabrina Craide
Enviada especial
Nova York (Estados Unidos) - O ministro das RelaçõesExteriores, Celso Amorim, avaliou como positivas, mas insuficientespara evitar problemas futuros, as medidas anunciadas pelo governo dosEstados Unidos para tentar contornar a crise financeira. Para Amorim, épreciso uma intervenção maior do Estado na economia. “Épreciso acabar com esse fundamentalismo de liberdade absoluta demercado, que tem gerado prejuízos”, defendeu. O ministro tambémdefendeu que órgãos internacionais como o FundoMonetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (Bird)supervisionem as economias dos países ricos. “Essas entidades nãoforam criadas para supervisionar apenas países emdesenvolvimento, mas para evitar crises como a de 1929, que inclusivelevou à 2ª Guerra Mundial”, disse. O ministro sugeriu quea Organização das Nações Unidas (ONU)promova uma reunião de alto nível do Conselho Econômicoe Social, envolvendo ministros de diversos países paradiscutir a crise. “Seria uma maneira de ter um debate amplo,democrático e responsável”.Em relaçãoàs negociações para a retomada da Rodada Doha,Amorim disse que o Brasil já flexibilizou tudo o que poderia. “Haviam demandas comrelação ao Brasil na área de produtosindustriais e foi feito dentro daquilo que era possível,aceitável, e do que foi bem recebido pela indústriabrasileira”, afirmou o ministro, acrescentando que o Brasil estádisposto a ajudar nas negociações, desde que hajadisposição dos demais países. Ao comentar asdeclarações do presidente do Equador, Rafael Correa, deque o país poderia não pagar uma dívida de maisde US$ 200 milhões com Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES), Amorim disse que nãoacredita na possibilidade do calote, já que o financiamentofoi feito pela Odebrecht no âmbito do Convênio dePagamentos e Créditos Recíprocos (CCR) - um instrumentoque permite a compensação, pelos bancos centrais, depagamentos decorrentes de exportações e importaçõesentre países da região. “Eu nãoconheço nenhum caso de descumprimento do CCR, seria uma imensasurpresa”, disse.