Risco de inflação mesmo com menor crescimento mundial leva Copom a elevar juros

18/09/2008 - 9h21

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os três integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) que votaram pela elevação menor (0,5 ponto percentual) da taxa básica de juros, a Selic,  na última reunião, argumentaram que houve desaceleração da atividade econômica nos principais países, com melhoria nas perspectivas de inflação no mundo, “em parte em função da queda dos preços de commodities [mercadorias primárias, com cotação e negociação global, como petróleo e soja]”. A informação está na ata da reunião, divulgada hoje (18) pelo Banco Central. A reunião foi realizada na última semana.Entretanto, outros cinco diretores votaram pela elevação de 0,75 ponto percentual. “A maioria do Comitê, entretanto, considera neste momento que, em que pese a deterioração das perspectivas para o crescimento econômico mundial, os riscos para a materialização de um cenário inflacionário benigno no país não apresentaram ainda melhora suficientemente convincente”, diz o documento. Na opinião da maioria dos diretores até o momento ainda não haviam “sinais consistentes” de redução do descompasso entre o ritmo de expansão da demanda e da oferta, o que gera inflação. Na última semana, o Copom elevou a Selic de 13% para 13,75% ao ano. A expectativa do Copom é de que as decisões de política monetária, com elevação dos juros básicos, terão "impactos concentrados em 2009", com convergência da inflação para a meta central em 2009. O centro da meta de inflação para 2008 e o próximo ano é de 4,5%, com dois pontos percentuais para mais ou para menos.“O Copom avalia que apersistência de uma atuação cautelosa etempestiva da política monetária tem sido fundamentalpara aumentar a probabilidade de que, mesmo diante de pressõesinflacionárias em escala global, a inflação noBrasil volte a evoluir segundo a trajetória de metas jáem 2009”, diz a ata.Segundo o documento, foimantida a avaliação de que o aumento da procura por bens eserviços acima do crescimento da oferta pode gerar inflação, apesar das importações e dos investimentos feitos pelasempresas para aumentar a produção e atender à demanda. “O Copom avaliaque o ritmo de expansão da demanda doméstica, que devecontinuar sendo sustentado, entre outros fatores, pelo crescimento darenda e do crédito, continua colocando riscos importantes paraa dinâmica inflacionária”, diz a ata.