Mercadante pede que Mercosul ajude a negociar solução para crise na Bolívia

10/09/2008 - 20h51

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O senador Aloizio Mercadante (PT-SP), presidente da comissão que representa o país no Parlamento do Mercosul, pediu hoje (10) que os países do bloco econômico ajudem a Bolívia a encontrar uma solução negociada para a crise que culminou no corte de 10% no fornecimento de gás natural para o Brasil.O parlamentar ressaltou que tanto o Mercosul como a Organização dos Estados Americanos (OEA) têm cláusulas contrárias a tentativas de golpe de Estado. "Não haverá tolerância com a ruptura territorial da Bolívia e é muito importante que os países do Mercosul se aproximem para buscar uma solução negociada da crise institucional boliviana", disse o senador.Mercadante lembrou que os bolivianos mantiveram no cargo o presidente Evo Morales e a maioria dos governadores, inclusive de oposição. Ele, no entanto, disse acreditar que a crise será apenas temporária e não deve provocar danos econômicos relevantes.O senador discutiu o papel da inclusão social no desenvolvimento econômico durante seminário realizado em comemoração aos 200 anos do Ministério da Fazenda. Ele disse que, após a consolidação do Bolsa Família como programa de transferência de renda, o principal desafio do governo é qualificar profissionalmente os adolescentes atendidos.“Temos de definir programas concretos para que os jovens possam se habilitar para o mercado de trabalho e deixar o programa. Iniciativas nesse sentido já foram apresentadas, mas essa política ainda está inconclusa”, disse o senador.Para o parlamentar, é necessário que o país inclua cada vez mais setores da sociedade no mercado de consumo e na distribuição da renda nacional. Ele sugeriu que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ofereça crédito vinculado ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para a compra de material de construção para a casa própria.“Na periferia, as casas são construídas pelos próprios moradores sem política de financiamento específica. Com essa medida, atingiríamos um amplo segmento da população, assim como o crédito consignado”, explicou.Em relação ao crescimento de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) nos 12 meses terminados em junho, divulgado hoje (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o senador ressaltou que o indicador mais importante é a alta de 16,1% na formação bruta de capital fixo – que mede a taxa de investimento na economia.“A formação bruta de capital é o que tem puxado o crescimento e sustentado a expansão no consumo das famílias, que continua aumentando acima do PIB”, avaliou Mercadante. Para ele, a alta de 5,3% no consumo da administração pública não significa que os gastos do governo estão aumentando.“O consumo público cresceu menos que o PIB, resultado do esforço fiscal extra do governo neste ano”, declarou. “Isso mostra que o país está, de fato, caminhando para o déficit nominal zero em 2010.”