Diretor da Abin confirma que ex-agente do SNI usava sala na Polícia Federal

10/09/2008 - 17h38

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O diretor doDepartamento de Contra-Inteligência da Agência Brasileirade Inteligência (Abin), Paulo Maurício, confirmou hoje(10), em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquéritodas Escutas Telefônicas Clandestinas, que durante a OperaçãoSatiagraha o agente aposentado do extinto Serviço Nacional deInformações (SNI) Francisco Ambrósio dividiu umasala na sede da Polícia Federal com agentes da Abin e odelegado Protógenes Queiroz, que comandava as investigações.Ele negou, no entanto,que o ex-agente tenha coordenado o pessoal da Abin na operação.Segundo Paulo Maurício,os servidores da Abin recebiam tarefas diretamente do delegadoProtógenes e nem conheciam o ex-agente. Ele disse ainda que sótomaram conhecimento de que Ambrósio era do extinto SNIdurante as conversas informais que tinham. O diretor da Abinrevelou que 52 agentes do órgão trabalharam na OperaçãoSatiagraha. “Nós demos umapoio. Não era operação nossa. Era uma operaçãopontual”, afirmou. Paulo Maurícionegou que a participação de servidores da Abin nasinvestigações tenha sido para fazer escutas. “Todosentraram na Polícia Federal pela porta da frente”, disse. O diretor afirmou aosparlamentares que os servidores da Abin não têm comoparticipar de operações da Polícia Federal sem oconhecimento dos superiores. “Na Abin nenhumdepartamento tem autonomia para desencadear um trabalho sem oconhecimento dos superiores. Os planos de operação sãoelaborados. Dentro da nossa estrutura temos controles rígidos,que dificilmente um agente de campo teria condições deatuar por muito tempo isoladamente, sem ser detectado”, disse.Paulo Mauríciogarantiu aos deputados que a Abin jamais, em qualquer situação,utilizou mecanismos “espúrios ou ilegais para o cumprimentode suas missões institucionais”. De acordo com ele, asescutas telefônicas ilegais “são um câncer quedeteriora o estado democrático de direito”.