Custo de vida na cidade de São Paulo tem inflação de 0,32% em agosto

08/09/2008 - 16h18

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O custo de vida na cidade de São Paulo apresentou inflação de 0,32% em agosto, segundo cálculo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese). No mês de julho a inflação foi de 0,87%. Os itens que mais pressionaram o índice foram habitação (1,35%), educação e leitura (0,75%) e transporte (0,25%). No total, os três índices contribuíram com 0,40 ponto percentual para compor a taxa do mês de agosto. De acordo com os dados, no acumulado do ano, a inflação foi de 4,85%. Nos últimos 12 meses, o Índice do Custo de Vida (ICV) acumula alta de 6,97%. As maiores altas desse período foram verificadas na alimentação (15,07%), habitação (7,29%) e despesas pessoais (7,01%). As menores variações foram encontradas em equipamentos domésticos (-2,52%), vestuário (-0,31%) e transporte (-2,11%). Segundo a coordenadora da pesquisa de preços do Dieese, Cornélia Nogueira Porto, a queda de 0,29% verificada no custo da alimentação foi o que colaborou para a queda ante o mês anterior. “As quedas mais acentuadas foram as do arroz (-3,62%), feijão (-6,53%)  e carnes (-0,28%). Na verdade, esses itens tiveram aumentos muito acentuados nos meses anteriores. Provavelmente houve uma certa retração da demanda e agora começou a diminuir”.disse a coordenadora. Na avaliação dela, é preciso que os preços ainda caiam mais já que, em relação ao ano passado, esses preços ainda estão muito altos. Cornélia afirmou que a tendência é a de que haja mais queda no preço da alimentação, mas mesmo assim não se deve esperar que os preços voltem aos patamares em que estavam há um ano. “Mesmo a queda do preço do feijão ainda é pequena frente ao aumento que foi praticado”, disse. A coordenadora da pesquisa disse ainda que é preciso pesquisar preços antes de comprar, porque as diferenças entre os supermercados podem ser até maiores do que 100%. É o caso, segundo ela exemplificou, do frango resfriado inteiro, que foi encontrado ao preço mínimo de R$ 1,95 o quilo e ao máximo de R$ 4,99, com diferença de 155,90% entre um e outro. Ainda segundo a coordendora do Dieese, o açúcar refinado de uma determinada marca foi encontrado por R$ 0,63 o quilo em um estabelecimento e R$ 1,29 em outro, diferença de 104,76%. O preço do arroz variou 38,28% - de R$ 9,77 o pacote de cinco quilos a R$ 13,51. A variação do feijão foi de 45,79%, com um pacote de um quilo custando de R$ 4,28 a R$ 6,24. A carne bovina de segunda foi encontrada a um preço mínimo de R$ 6,90 e máximo de R$ 14,19, uma diferença de 105,65%. O leite longa vida integral custa de R$ 1,39 a R$ 2,08, diferença de 49,64%. Cornélia ressaltou que essa diferença ocorre devido às regiões e o poder aquisitivo da população local, mas que, devido a essas diferenças tão significativas, o consumidor está correndo o risco de perder a referência de preços. “Na época de uma inflação muito elevada, que nós vivemos, as pessoas não tinham noção de valor, porque o preço mudava toda semana e as pessoas não tinham memória dos preços. O perigo da inflação é esse, perder a noção de valor”, disse.Para o próximo mês a estimativa é a de que a inflação fique em torno de 0,25% e até o final do ano fique em torno de 6,5%, segundo dados projetados pelo Dieese.