Paraolimpíadas dão esperança para chineses com deficiência

07/09/2008 - 10h53

Danilo Macedo
Enviado Especial
Pequim (China) - Muito se fala sobre osbenefícios trazidos pela infra-estrutura das Olimpíadasàs cidades-sede. As adaptações feitas para asParaolimpíadas de Pequim, no entanto, além de trazerfacilidades para as pessoas com deficiência, parecem terinfluenciado as ações do governo chinês e daprópria população.Em poucos anos, a cidadeevoluiu em muitos aspectos em relação àacessibilidade para deficientes, com a construção derampas nas estações de metrô, aeroporto, hotéis,hospitais e mercados. A prefeitura também investiu cerca deUS$ 10 milhões na construção de facilidades,incluindo elevadores, em 60 pontos turísticos. Segundo ovice-presidente executivo do Comitê Organizador para asOlimpíadas de Pequim (Bocog), Tang Xiaoquan, “sem asParaolimpíadas, a construção de facilidades sembarreiras em Pequim seria retardada entre duas e trêsdécadas”.Caminhos desenhadospara facilitar a movimentação de deficientes visuais tomaram praticamente toda acidade. Todos os hotéis de três estrelas ou maisprovidenciaram estacionamento, banheiros e quartos para pessoas comdeficiência. Apesar de algumas dessas medidas já teremsido implantadas há algum tempo em outros países,inclusive no Brasil, para os chineses e turistasque visitam Pequim as mudanças impressionam.O escocês JohnMcGuinnes fez uma pausa em seu passeio pelo Parque Beihai, um dosmais famosos e bonitos da cidade, para conversar com aAgência Brasil. Ele é cadeirante e veio pelaprimeira vez à cidade, a passeio. “Em alguns lugares, como aGrande Muralha, podemos subir, mas não dá para andar. Emoutros, as rampas são muito íngrimes. Mas osfundamentos da acessibilidade foram estabelecidos com asParaolimpíadas”, disse.A mulher de McGuinnes,que empurrava sua cadeira de rodas, disse que mesmo com algumasdificuldades na acessibilidade, eles voltarão, “porque aspessoas são muito receptivas e sempre dispostas a ajudar, e apartir de agora as coisas vão melhorar muito”. Em seguida, um senhor chinês seaproxima e pergunta se é necessário ajuda para subir com o escocês pela rampa de saída do parque.Um amigo do casal queos acompanhava no passeio e já veio ao país outrasvezes revela que há dois anos não havia rampas deacesso, mesmo nos locais mais visitados. De acordo com os dadosoficiais, a China tinha, no último ano, cerca de 83 milhõesde pessoas com deficiência, o que representa mais de 6% de suapopulação.O vice-presidenteexecutivo do Bocog observou que, apesar das mudanças, épreciso fazer muito mais. “Para permitir às pessoas comdeficiência atingirem uma vida normal e aproveitar os frutos dodesenvolvimento social da mesma forma que as pessoas sem deficiência,precisamos continuar construindo mais facilidades sem barreira”,afirmou.Os chineses comdeficiência, marginalizados desde sempre, vêem asParaolimpíadas como esperança de mais mudanças.A delegação do país é a maior do jogos,com 332 atletas e nunca houve tanto investimento numa ediçãode Jogos Paraolímpicos como nesta.