Ministro das Relações Exteriores ainda aposta na retomada da Rodada Doha

14/08/2008 - 18h13

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As negociações da Rodada Doha,  interrompidas no final do mês passado, ainda podem ser retomadas. De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, líderes de outros países já demonstraram disposição em reiniciar as conversões, na Organização Mundial do Comércio (OMC), para tentar chegar a um acordo sobre a liberalização do comércio global.Amorim disse que tem mantido contatos com autoridades de outros países e com o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy. Ontem (13), o chanceler brasileiro conversou, por telefone, com o ministro do Comércio e Indústria da Índia, Kamal Nath.“Eles [os telefonemas feitos nos últimos dias] espelham um desejo nosso de tentar aproveitar o que provavelmente é uma última oportunidade neste momento para concluir a rodada na base do que havia sido acordado, senão por todos, por um número expressivo de países”, afirmou Amorim.Na avaliação do ministro das Relações Exteriores, a janela para que o assunto possa ser retomado oficialmente é de três a quatro semanas. Depois disso, seria necessário esperar um tempo maior para reiniciar negociações na OMC.“Na realidade, todos nós achávamos que o prazo era julho, porque esse seria o prazo normal, e teria sido se, como em outras ocasiões, tivéssemos terminado num desacordo muito grande”, disse o ministro. Mas, ressaltou, conseguiu-se avanço em quase todas as áreas fundamentais de negociação. “O que faltou para fechar o acordo foi algo relativamente pequeno. É como você construir uma catedral e na hora de botar a torre do sino a catedral inteira cair. Então, vamos ver se ainda é possível a gente colocar a torre do sino do jeito certo”, completou.As declarações foram feitas logo após a reunião que Celso Amorim teve com a conselheira federal para Assuntos Exteriores da Suíça, Micheline Calmy-Rey. Durante o encontro, eles assinaram um memorando de entendimento para a discussão de um plano de parceria estratégica entre os dois países.De acordo com Calmy-Rey, entre as prioridades do futuro plano estão assuntos ligados ao desenvolvimento sustentável e à segurança alimentar, prioridades para a Suíça. Nesse contexto, entra a discussão sobre a produção de biocombustíveis, como o etanol feito a partir de cana-de-açúcar desenvolvido pelo Brasil.O memorando prevê a realização de reuniões periódicas, que devem colaborar para estreitar a cooperação entre os dois países em assuntos políticos, econômicos, jurídicos e ciência e tecnologia, bem como nas questões regionais e globais.“Temos soluções. Não apenas belas palavras”, afirmou Micheline Calmy-Rey, destacando que há interesse também na cooperação trilateral para ajudar países mais pobres.Outro assunto discutido na reunião foi a reforma da Organização das Nações Unidas (ONU). Celso Amorim disse mais uma vez que o Brasil espera que se possa passar logo à fase de negociações. “Nós procuramos enfatizar que é importante que o Conselho de Segurança não seja mudando apenas nos procedimentos, mas também na sua composição”.Calmy-Rey enfatizou que a Suíça gostaria que o Conselho de Segurança adotasse procedimentos mais transparentes e disse esperar que a reforma “não demore muito tempo pela falta de consenso no que toca ao aumento do conselho”.