Gastos com habitação pressionam inflação em São Paulo

03/04/2008 - 14h11

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A alta de preços nas tarifas de energia elétrica e na cobrança de aluguel residencial foram as principais causas do aumento da inflação em março na cidade de São Paulo. Dados apurados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) indicam que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,31%. Dos sete grupos pesquisados, “a contribuição mais expressiva para essa alta veio do grupo habitação”, informou o coordenador da pesquisa, Márcio Nakane.De acordo com o economista, só esse grupo representou 46% de todo o IPC, com avanço de 0,44% em comparação com  os números do fechamento de fevereiro (0,35%). Essa variação foi a maior da série histórica desde a segunda quadrissemana de novembro de 2005. Isso ocorreu, basicamente, em função do aumento nas tarifas de energia elétrica (2,19%) e do aluguel (0,45%). No caso dos aluguéis, foi a maior oscilação em alta desde a primeira quadrissemana de outubro de 2000.“O mercado imobiliário está muito aquecido, conseqüência direta do crescimento econômico, e isso é o que está pressionando os preços”, justificou Nakane. Ele observou que o IPC, igualmente, refletiu a alta dos alimentos, mas em menor escala do que nos gastos com habitação. Esse grupo aumentou 0,27%, depois de cinco seqüências de deflação. Entre os subitens, destacaram-se o pão francês (4,27%) e o óleo de soja (10,50%). Nakane disse que a alta do óleo de soja, “em parte, é resultado da elevação de preço no mercado internacional o que provoca pressão sobre o mercado doméstico”. Já o aumento do pão está associado à queda na oferta da farinha de trigo. “Além das dificuldades de importação do produto da Argentina, há problemas de alternativa para buscar outros fornecedores, como, por exemplo, os Estados Unidos. Seja qual for a fonte, as cotações internacionais do cereal estão elevadas e chegam ao Brasil com preços altos, o que é repassado para os moinhos e toda a cadeia”, explicou Nakane.Suspensos desde a segunda quinzena deste ano, os registros de exportação do trigo argentino devem voltar a ser emitidos a partir da próxima segunda-feira (7), conforme anuncio feito ontem (2) pelo secretário do Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e coordenador do subgrupo bilateral do trigo, Armando Meziat, logo após a reunião, em Brasília, do Comitê de Monitoramento do Comércio Bilateral Brasil-Argentina. Meziat informou que a abertura dos registros de exportação permitirá a venda de 400 mil toneladas nos próximos três meses e acredita que a maior parte desse volume seja destinada ao Brasil. Segundo estatísticas da Câmara de Comércio Exterior (Camex), o Brasil consome, anualmente, 10,2 milhões de toneladas e produz apenas 3,8 milhões de toneladas. A maior parte das importações é de origem argentina.