Brasileiros podem ser opção para levar idioma à Venezuela

28/03/2008 - 17h50

Agência Lusa

Lisboa (Portugal) - Os professores brasileiros podem tornar-se a opçãomais viável para garantir a adoção da língua portuguesa como primeiro idiomaestrangeiro na Venezuela, reconheceram hoje (28) à Lusa agentesculturais portugueses residentes naquele país.A opção brasileira decorre da incapacidade financeira de Portugal em enviarprofessores para a Venezuela, como informou quarta-feira (26) àLusa o vice-ministro português de Relações Exteriores e Cooperação, João GomesCravinho.Em causa está o anúncio das autoridades venezuelanas no lançamento de umprograma-piloto que integra a língua portuguesa como disciplina opcional nocurrículo oficial do próximo ano letivo.Portugal tem que, "nos próximos dois ou três meses, saber responder a estedesafio", salientou Cravinho.O programa-piloto será executado em 14 escolas do estado de Carabobo, umaimportante localidade situada 250 quilômetros a oeste de Caracas [capital venezuelana].Contudo, a falta de professores poderá condicionar o desenvolvimento dainiciativa, disseram à Lusa, em Caracas, fontes relacionadas com o processo.Para João Costa Lopes, vice-presidente do Instituto Português de Cultura(instituição criada em 1990, em Caracas), "a iniciativa venezuelana éexcelente" e para a sua concretização "é obrigação do Estadoportuguês enviar professores". "Isso não está a ser feito à luz das necessidades que existem",acrescentou.João Gonçalves, presidente do Centro Português de Caracas, que completa no dia 13 de junho 50 anos de existência, o envio de professoresportugueses "seria uma boa solução"."Se não puder enviar 20, que mande 10. Já era um começo", destacou,garantindo o apoio da comunidade portuguesa residente na Venezuela para oacolhimento e integração dos docentes que seriam enviados de Portugal.Contudo, alertou, "o ensino da língua portuguesa não deve ser restringidoa Caracas, mas alargado a todo o país", frisou João Gonçalves.Todavia, Portugal não tem dinheiro disponível para apoiar a iniciativa dasautoridades venezuelanas, como reconheceu João Gomes Cravinho, apesar desalientar que o Estado português tem de responder ao desafio. "Não podemos deixar fugir estas oportunidades. É evidente que se falharmosnesta fase dos projetos-piloto, se a língua portuguesa falhar, não por qualquerdesinteresse por parte dos venezuelanos no idioma, mas por incapacidade doEstado português, não estaremos a responder à altura das nossasnecessidades".A solução poderá passar então pelos docentes brasileiros, resultado não só daproximidade geográfica da Venezuela e Brasil, mas sobretudo do envolvimento dasautoridades brasileiras na promoção e difusão da língua portuguesa.Um exemplo da maior capacidade brasileira é dado pelo curso de cinco anosministrado na Escola de Idiomas Modernos, da Universidade Central de Venezuela(UCV), em que a par do único leitorado português existem cinco brasileiros,para os cursos de Língua e Cultura Portuguesa, que no ano atual letivo teminscritos 166 estudantes.Para reforçar a formação dos futuros professores de Língua Portuguesa, oInstituto Camões (IC) vai inaugurar em breve um Centro de Língua Portuguesa,disse também hoje à Lusa Simonetta Luz Afonso, presidente da instituição."Com o objetivo de contribuir para a criação, na UCV, de um corpo dedocentes venezuelanos na área dos Estudos Portugueses, o IC subsidia, ainda, adocência da língua portuguesa por um professor local, nos termos do protocolode cooperação celebrado com a universidade", concluiu.