Produtores de milho e soja do Paraná evitam estocar com medo de queda nos preços

25/03/2008 - 18h04

Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - O Paranácolheu até agora 55% da atual safra de soja, estimada em 12milhões de toneladas, a segunda maior produçãodo país, com uma produtividade média de 3 mil quilospor hectare plantado. Os dados sãodo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria daAgricultura do Paraná, que estima que 30% do total colhido atéagora já foram comercializados. O maior produtor nacional éMato Grosso, que deve colher 17,7 milhões de toneladas nestasafra. Segundo o engenheirodo Deral, Otmar Hubner, responsávelpelo acompanhamento da cultura, o produtor paranaense émuito bem informado quanto a questões de mercado e preços."A soja desta safra ele [o produtor] foi colhendo e vendendo combase no "nervosismo" do mercado financeiro internacional e,principalmente, das especulações sobre possívelaumento de área plantada para a próxima safranorte-americana, o que culminou na derrubada dos preços doproduto”, disse.Para Hubner, oprodutor sabe, por exemplo, que os Estados Unidos, primeiro produtormundial, estão colocando no mercado 70 milhões detoneladas de soja. “Portanto, se [o produtor brasileiro] aumentar aárea plantada, aumenta ainda mais a oferta”, observou. O engenheiro lembrouque no último dia 3, a média paranaense da soja para avenda era de R$ 47,56 a saca de 60 kg, variando de R$ 43 a R$ 50 nasdiferentes áreas do Estado. Hoje (25) , a média caiupara R$ 41,54."Considerando-seo baixo valor do dólar, em comparação com osúltimos anos, o preço da soja ainda está acimados patamares históricos, ficando difícil a especulaçãosobre o seu comportamento futuro no mercado. Assim, quem nãoaproveitar os preços do momento, na medida em que forcolhendo, estará assumindo um risco de resultadoimprevisível”, alerta.O Paraná éo maior produtor nacional de milhoe já colheu metade da safra prevista para este ano, que deveser de nove milhões de toneladas. Segundo levantamento doDeral, 27% desse volume já foram comercializados. "Omercado está aquecido, o estoque mundial está baixo,devido à utilização do produto no etanol . Emdezembro passado, a saca de 60 quilos chegou a ser vendida por R$24,94. Hoje, está em R$ 19,70, que ainda é um preçomuito bom", comentou a engenheira do departamento MargoreteDemarchi. Segundo ela, o produtor do milho também nãoestá estocando a produção.A engenheira agrônomalembra que o milho é um produto tradicionalmente cultivadopara o consumo interno. "O Brasil não tinha a tradiçãode competir no mercado externo, essa mudança vem acontecendonos últimos anos com a liberação do câmbioe principalmente com o aumento da produtividade que diminuiu o custounitário", avaliou. Em 1980, eram colhidos 2,4 mil quilosde milho por hectare e atualmente a produtividade é de 6 milkg/ha.A cotaçãodo milho e da soja foi muito alta nos meses de novembro e dezembro,segundo o analista técnicoda área econômica da Organização dasCooperativas do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti. As duasculturas tiveram redução de R$ 6 e R$ 7 a saca,respectivamente, mas ainda assim, Mafioletti considera que ambosestão rentáveis. "A orientação quetemos dado é que evitem [os produtores] grandes estoques e queadotem vendas num sistema escalonável. O Paraná tempequenos produtores e suas dívidas são com bancos,podem ser renegociadas. Os produtores não adotam o pagamento amultinacionais em forma de produtos, e isso dá uma boatranqüilidade na negociação", enfatizou oeconomista.