Taxa de desemprego feminina é maior que a masculina, mostra OIT

07/03/2008 - 6h36

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Afalta de políticas públicas de emprego voltadasespecificamente para as mulheres pode ser uma das explicaçõespara a diferença que ainda existe entre o percentual de homens emulheres desempregados no mundo. A avaliação éda coordenadora da área de Igualdade de Gênero e Raçada Organização Internacional do Trabalho (OIT), SolangeSanches.

Oestudo Tendências Mundiais do Emprego das Mulheres, daOIT, mostra que a taxa mundial de desemprego feminino foi de 6,4% em2007, contra 5,7% entre os homens. No Brasil, a desigualdade émaior: segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE), em janeiro deste ano a taxa de desocupaçãoentre os homens era de 6,2%, enquanto entre as mulheres ficou em 10,1%.“Nãoexistem ainda, em número suficiente, políticas deemprego que considerem a situação das mulheres. Isso significa considerar que as mulheres têm filhos e se ocupamdeles, que elas são as principais cuidadoras das pessoas maisvelhas e dos doentes das famílias e que isso representaresponsabilidades que precisam ser harmonizadas com o trabalho”,afirma Sanches.Aparticipação das mulheres no mercado de trabalho éa mais alta da história, aumentou 18,4% na últimadécada, o que representa 200 milhões a mais detrabalhadoras. Mas, no mesmo período, tambémaumentou o número de mulheres desempregadas: de 70,2 milhõespara 81,6 milhões.Sanchesexplica que o crescimento da taxa de participaçãofeminina significa que mais mulheres estão trabalhando ouprocurando emprego. “Então, se a taxa de desemprego aumenta,quer dizer que um número maior de mulheres se apresentoupara o trabalho e não houve ocupações em númerosuficiente para responder a esse aumento,da participação de mulheres, por isso a taxa de desemprego aumentou”, afirma.Osetor de serviços é o que mais emprega mulheres: em2007, 46,3% das trabalhadoras estavam nessa área, seguida pelaagricultura, com 36,1%.Oaumento da participação das mulheres na força detrabalho na América Latina foi o segundo mais alto do mundo - perdeu apenas para o Oriente Médio - passando de 47,9% para 52,9%. SegundoSanches, isso pode ser explicado pelo aumento da escolaridade das latino-americanas.