Inclusão de vacina contra catapora em calendário nacional continua indefinida

03/03/2008 - 9h05

Elaine Patrícia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O Ministério daSaúde ainda não tem previsão de quando a vacina contra a catapora (varicela) poderá integraro Calendário de Vacinação Infantil. “Mesmo tendo integrado um grupo de vacinas que passaram poravaliações este ano para inclusão no Calendário de Vacinação Infantil, nomomento não há nenhuma indicação de que isso ocorra”, informou o ministério.Segundo o Ministério da Saúde, a vacina é produzida com vírus vivos atenuados e sua eficácia é estimada entre 80% e 85%contra a infecção habitual e de 90% contra as formas graves.A vacina só estádisponível no Sistema Único de Saúde (SUS) em situações especiais como surtos da doença; para profissionais de saúde, pessoas e familiares que estejam em convívio domiciliar ou hospitalar com pacientes; parapacientes que vão fazer uma quimioterapia; para HIV-positivos; para pessoassuscetíveis à doença que serão submetidas a transplante de órgãos; paraindígenas; e para pessoas imunocomprometidas, como aquelas que têm leucemialinfocítica aguda.De acordo com a pediatra e professora da UniversidadeFederal de São Paulo (Unifesp) Regina Célia Menezes Succi, especialista eminfectologia pediátrica, a vacina contra a catapora “é extremamente segura eeficaz”."Todas as crianças deveriam tomar assim que completam um anode idade, e também os adolescentes e adultos que não tiveram a doença ou nãoreceberam a vacina."Mas somos um país muito grande e o número de crianças quenascem todos os anos é alto".Segundo ela, o governo define algumas prioridades porque, umavez que a vacina entre no calendário oficial, será obrigatório disponibilizá-la para todos os brasileiros que estão na condição de tomar avacina. "Por esta razão, muito provavelmente, o Ministério da Saúde ainda nãoincluiu essa vacina no calendário oficial”, disse a professora em entrevista àAgência Brasil.A pediatra acredita que, nos próximos dois anos, oMinistério da Saúde deva incluir a vacina no calendário “porque as internaçõeshospitalares e as complicações da varicela determinam um alto custo para asaúde no país”.A catapora é uma doença comum na infância,transmitida por via respiratória e com imunidade duradoura (somente em casosexcepcionais ela ocorre uma segunda vez na mesma pessoa). “É uma das doenças demaior grau de transmissão interpessoal”, afirmou a pediatra. “Quem não recebeua vacina, deverá ter a doença até chegar a adolescência em mais de 90% doscasos”.Geralmente a catapora é benigna, mas há casos em que podeprovocar complicações, “desde infecções secundárias nas lesões da pele atéencefalites e quadros de infecções muito graves, até a morte”, disse apediatra. Os sintomas mais comuns da doença são coriza, irritação nosolhos e lesões na pele (bolhas), que provocam coceira. Não existe tratamento ouremédios específicos para o controle da doença. Na semana passada, a pedido do Ministério PúblicoFederal em Guarulhos, o desembargador federal Lazarano Neto, do TribunalRegional Federal (TRF) da 3ª região, em São Paulo, concedeu uma liminardeterminando que o Ministério da Saúde forneça cinco mil doses de vacina contracatapora para o controle do surto da doença em Santa Isabel.A Secretaria Municipal de Saúde de SantaIsabel, na Grande São Paulo, confirmou a morte de duas crianças por catapora. A secretaria também informou que, tão logo o surtode catapora foi detectado, por volta de novembro do ano passado, pediu à Secretaria de Saúde do estado 829 doses de vacina, queforam aplicadas em 712 crianças em creches e escolas.Segundo a Imprensa Oficial do município, 156 casos decatapora foram registrados na cidade durante todo o ano passado. Neste ano já houve oito casos, o último deles no dia 13 de fevereiro. Como o períodoentre o último e o penúltimo caso foi de 23 dias, a secretaria considera quenão haja mais surto da doença na cidade e que não haja, no momento, anecessidade do envio de doses para a cidade, conforme foi solicitado peloMinistério Público Federal.