Brasil enviará amostras a banco internacional de sementes

03/03/2008 - 6h10

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil vai enviaramostras de sementes com valor alimentício, nativas eadaptadas a um banco internacional de sementes criado em parceriapela organização não-governamental Global TrustFound e o governo norueguês. Oprojeto é chamado de Arca do Fim do Mundo e tem o objetivo depreservar espécies vegetais diante da possibilidade decatástrofes como grandes enchentes, efeitos do aquecimentoglobal ou mesmo explosões nucleares. Assim, quando necessário, as amostras poderiam ser abertas para reprodução e replantio.As amostras brasileirasserão enviadas pela unidade Recursos Genéticos eBiotecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária(Embrapa), que tem um banco genético de 100 mil amostras decerca de 400 espécies vegetais. Segundo o coordenador daunidade, José Manuel Cabral, o projeto Arca do Fim do Mundotem o mérito de facilitar o intercâmbio de informaçõessobre bancos genéticos de todo o mundo e cumpre o papel degarantir a segurança alimentar. “Em termos devariabilidade genética, 15 anos, por exemplo, não émuito. Um banco como esses é muito importante para aagricultura voltada para alimentação, porque em períodonão muito longos, culturas deixam de ser plantadas em certasáreas devido a mudanças climáticas e outraspassam a ser plantadas em lugares antes inóspitos depois deserem adaptadas”, disse. Segundo Cabral, umbanco com essas características é de fundamentalimportância para geneticistas e pesquisadores que trabalham nomelhoramento de espécies. “Às vezes, temos em bancosgenéticos amostras de espécies que não sãoplantadas por não serem viáveis economicamente. Mas,muitas vezes, são espécies com característicasque precisamos introduzir em outras espécies, tais como genesque a fazem resistente à seca, por exemplo”, exemplificou.Esses pesquisadores precisam, assim, de um ponto de partida parainiciar suas pesquisas, que é a consulta a um banco genético.O primeiro depósito do Arca do Fim do Mundo, comuma amostra simbólica de sementes oriundas de vários países, foi feito no último dia 26. As amostras foram enviadas por México,Peru, Colômbia, e também por países da Europa, Ásiae África. As amostras são conservadas em trêscâmaras frigoríficas, em condições debaixa umidade e temperatura de até 20 graus negativos. O bancofoi construído no arquipélago ártico deSvalbard, a 1,2 mil quilômetros da calota polar do Ártico.A capacidade total de armazenagem é de 4,5 milhões deamostras.Atualmente, China eEstados Unidos são proprietários dos maiores bancos deamostras de sementes do mundo, cada um com capacidade para 1,5 milhãode amostras. “A vantagem de ter um banco onde vários paísescontribuem com amostras é permitir que os outros pelomenos tenham acesso a que tipo de informação outrasnações têm em mãos. Sabendo disso por meiodo banco internacional, podemos pedir autorização aopróprio país para ter acesso a uma amostradeterminada”, explicou o coordenador da Embrapa. “O Brasil nãopode ficar de fora desse projeto”, afirmou Cabral ao prever queainda este ano a unidade esteja enviando amostras para o banco desementes internacional Arca do Fim do Mundo. Segundo ele, para fecharo contrato falta analisar a compatibilidade com a legislaçãobrasileira que impõe restrições quanto ao enviode espécies nativas para o exterior.