Acordo para investimentos da Petrobras na Bolívia saiu após intensa negociação

17/12/2007 - 20h33

Julio Cruz Neto
Enviado especial
La Paz (Bolívia) - O acordo para retomada dos investimentos daPetrobras em novas áreas de exploração de gás natural na Bolívia foi divulgadocom duas horas de atraso, após intensa negociação. Estava em jogo, acima detudo, a forma de abastecer o mercado boliviano."A luta é o preço no mercado interno", afirmou oministro boliviano de Minas e Energia, Nelson Hubner, em conversa com jornalistas.Ao final, chegou-se ao seguinte acordo. Para asextrações futuras de gás, o consórcio formado entre Petrobras e YPFB, a estatalboliviana, será obrigado a vender 18% internamente, o que implica receber US$ 1 dólar por milhão de BTU (unidade de medida usada para o gás natural),valor inferior ao praticado no mercado internacional. Pelo restante, poderá ser cobrado mais. Sobre o que a Petrobras produz atualmente, essa já éa porcentagem destinada ao mercado interno. Mas há expectativa de aumento dademanda, por isso era importante impor o limite. "A tendência é aumentar omercado interno, eles estão construindo gasodutos", explicou o ministro.Segundo Hubner, não era esperado tanta discussão naúltima hora. "[O acordo] estava mais do que adiantado, a Petrobrasficou a semana inteira aqui", disse.Além das conversas de hoje, houve outra de quatro horas ontem, que se estendeu até a meia-noite, logo após a chegada da delegação brasileira a LaPaz.Dostrês campos a serem explorados, dois (San Antonio e San Alberto) ficam nodepartamento (estado) de Tarija, um dos quatro que declararam autonomia emrelação ao governo central neste fim de semana. O movimento pela autonomia está provocandouma cisão no país.Estáprevisto para março o referendo revogatório, aprovado hoje pelos deputadosbolivianos, no qual a população vai decidir se o presidente EvoMorales e os nove prefeitos departamentais (governadores) ficam ou não no cargo.

O ministro Hubner avalia que isso não é motivo para amedrontar a Petrobras. Seestabilidade fosse pré-requisito, disse ele, não haveria tantos investimentosnos poços de petróleo da "Nigéria, Arábia Saudita, Irã e Iraque".