Carolina Pimentel
Enviada especial
Buenos Aires (Argentina) - Após tomar posse como presidente da Argentina, Cristina Kirchner foi recebida, na histórica Praça de Maio (principal praça do centro da cidade e tradicional palco de manifestações políticas), por um público estimado em 10 mil pessoas, de acordo com policiais que estavam no local.Ela não discursou para a população que a aguardava, apenas acenou. Acompanhada do marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, e dos filhos, Cristina cantou com Mercedes Sosa e outros artistas locais que animaram a platéia antes e depois da aparição da primeira mulher eleita presidente no país. De acordo com a Agência de Notícias da República da Argentina (Telam), o festival, chamado de Festa da Democracia, foi organizado pelo governo argentino.Com bandeiras da Argentina e dos movimentos que apoiaram a campanha de Cristina, as pessoas aguardavam a presidente tocando batuques, acompanhando os shows e caminhando pela praça, como o trabalhador do setor de construção Silvio Medina, do movimento Los Pides de Boelo. Ao ser questionado pela reportagem sobre o que espera do governo de Cristina Kirchner, o operário respondeu de pronto: "Que melhore nossa vida. Mais trabalho."A trabalhadora María Cardoso disse que está esperançosa com a nova presidente. "Queremos trabalho e segurança. Temos esperança de que fará. Por isso votamos nela", afirmou María, lamentando que não pôde ver ou ouvir o discurso de Cristina, na Assembléia Legislativa, onde tomou posse, porque os telões instalados na praça não mostraram toda a cerimônia, segundo relato da trabalhadora. Nesse momento, uma colega de Maria interrompeu a entrevista para dizer: "Cristina fará mais por nós". Ela contou que foi da periferia até a praça "caminhando", sem qualquer tipo de ajuda de transporte do governo para chegar lá.Em uma lanchonete na rua ao lado da praça, nem parecia que do lado de fora ocorria a comemoração de uma posse presidencial inédita no país: as pessoas conversavam e mal olhavam a televisão que transmitia a posse do ministério de Cristina, na Casa Rosada, a pouco metros dali, mostrando a tímida mobilização da população de Buenos Aires em relação às eleições. De acordo com policiais que cuidavam da segurança no local, antes de a presidente chegar à praça muita gente já tinha ido embora. Ao pisar no palco montado em frente à Casa Rosada, Cristina Kirchner foi recebida com uma chuva de papel, como sempre ocorreu em sua campanha. Depois do breve aceno de Cristina, catadoras aproveitaram o final da festa para juntar montes de papel e vender no dia seguinte.