Baixo crescimento e câmbio afetam emprego na indústria têxtil e de confecção, afirma executivo

17/12/2006 - 15h53

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O baixo crescimento da economia brasileira e a valorização do real frente ao dólar norte-americano, o que favorece as importações, está afetando o emprego na cadeia têxtil e de confecções, especialmente no que se refere ao setor de vestuário. A análise é do diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel.Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que houve perdas de 5,35% no emprego na indústria de vestuário e de 1,58% na indústria têxtil entre janeiro e outubro deste ano.Nos dez primeiros meses de 2006, foram criados 41 mil empregos diretos no segmento têxtil e de confecções, uma queda de quase 10% na comparação com os 46 mil postos criados no mesmo período de 2005.Pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho (Caged), no entanto, o setor continua gerando postos de trabalho formal.Entre empregos formais e informais, o setor têxtil e de confecções responde pela criação de cerca de 1,6 milhão de empregos no país, o que representa 17,2% de todas as vagas criadas pela indústria de transformação brasileira."Existe um grande potencial dessa indústria gerar 150 mil a 200 mil empregos diretos por ano, porque ela é o maior elo empregador da indústria de transformação. Só perde para alimentos e bebidas. É o custo de emprego mais barato na indústria de transformação”.Pimentel cita um estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, segundo o qual, a cada R$ 10 milhões de aumento de produção na indústria de vestuário, são gerados mil empregos diretos e indiretos.Segundo ele, a indústria brasileira de têxteis e confecções tem "grande potencial de crescimento da produção". O consumo atual per capita de fibras é de 8,5 a 9 quilos por ano. Ele diz que que o país tem "plena capacidade" de atingir até 16 quilos ao ano, o que corresponde ao consumo da Turquia, descontados fatores como clima."Toda vez que o Produto Interno Bruto [PIB, a soma das riquezas produzidas no país] cresce de forma sustentada, em níveis de 4% a 5%, o setor responde com muita velocidade e há uma tendência de aumento do consumo per capita de fibras, que envolve não só vestuário, mas outros produtos como cortinas, decorações”.O diretor acredita na possibilidade de um cenário mais otimista em 2007, com manutenção da trajetória de queda dos juros e continuidade de uma "política implacável" de combate às importações ilegais, aliada a medidas de correção dos custos de produção nas indústrias intensivas de mão-de-obra, como têxtil e de confecção. Ele acrescenta que essa perspectiva também pressupõe a necessidade de o país avançar nos acordos internacionais com os grandes blocos compradores.