Lula diz que aumento de parlamentares não deve provocar efeito cascata

15/12/2006 - 19h08

Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva dissehoje (15) que não vai comentar a decisão dos deputados e senadores de aumentaros próprios salários para R$ 24.500, o equivalente a 70 salários mínimos.Segundo Lula, os presidentes das duas Casas devem assumir a responsabilidadepelo aumento.“Eu não posso dar palpite sobre um Poder quedecide aumentar o seu salário. O ministro da Fazenda se pronunciou, e tanto opresidente Aldo [Câmara dos Deputados] quanto o presidente Renan [Senado]dizem que vão tirar o dinheiro do próprio orçamento deles. Cada um toma asdecisões e se responsabiliza pelo resultado”, afirmou o presidente, após almoçocom oficiais das Forças Armadas, no Clube do Exército.Opresidente não acredita que o aumento provoque efeito cascata nasassembléias estaduais e câmaras de vereadores. Constitucionalmente, umdeputado estadual ganha até 75% do que recebem o deputado federal e osenador, e o vereador, 75% do salário pago ao deputado federal. Com osalário do deputadofederal aumentando para R$ 24.500, o deputado estadual deverá ganhar R$18.375,e o vereador, R$ 13.781,25. Antes, um deputado estadual recebia R$9.635,4 e umvereador, R$ 7.226,55.“Não vai ter efeito cascata, porque não vamosabrir mão da nossa responsabilidade de manter uma política fiscal condizentecom o desejo que temos de crescimento. Eu não vou, em hipótese alguma,jogar fora o que construí nesses quatro anos com muito sacrifício: aestabilidade que me permite, agora, pensar em fazer crescer a economia”, disse.Ontem (14), o ministro da Fazenda, GuidoMantega, disse que o aumento de 91% para deputados e senadores deve ficardentro do orçamento do Legislativo. Questionado se o país comportará essecrescimento, Lula respondeu que o país “comporta isso, se estiver crescendo aeconomia do país, se o país estiver rico”. “Agora, como os dois presidentesconhecem seus orçamentos, eles sabem se dá, ou não, para dar”.O aumento entrará em vigor a partir do dia 1º de fevereiro de 2007, quando será iniciada a nova legislatura com os parlamentares eleitos em outubro. Antes da entrevista, em discurso oficiais da Marinha, Exército eAeronáutica, o presidente disse que não vai discutir “miséria” nospróximos quatro anos. “Na hora de fazer o orçamento, é como se a genteestivesse numa casa onde não tem pão, onde todo mundo briga e ninguémtem razão. O cobertor é curto. O único jeito de atender as necessidadesde todos os setores, dos ministros e das Forças Armadas é fazer aeconomia crescer”, afirmou. Lula disse ainda que assumirá o segundo mandato com mais vontade, sabedoria e responsabilidade. “Depois de quatro anos, a gente descobre o caminho das pedras”, destacou.