Comissão de Biossegurança adia para 2007 decisão sobre milho transgênico, afirma Greenpeace

14/12/2006 - 14h13

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O engenheiro agrônomo do Greenpeace, Ventura Barbeiro, afirmou hoje (14) que a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) adiou para 2007 a votação para que iria decidir sobre a liberação de duas variedades de milho transgênico para o mercado brasileiro. Hoje (14), no segundo dia de reunião da CTNBio, a imprensa não teve permissão para entrar no prédio onde a decisão foi tomada. A comissão convocou uma coletiva para às 16 horas sobre o assunto.

De acordo com Barbeiro, uma decisão judicial proibiu qualquer deliberação sobre o milho Liberty Link antes que seja realizada uma audiência pública para ouvir a sociedade civil. Em relação ao milho Guardian BT, os membros do conselho não chegaram a um consenso que permitisse a votação. “Por isso não houve decisão sobre milho transgênico na reunião da CTNBio do mês de dezembro”, contou o representante do Greenpeace.

O Greenpeace, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e os trabalhadores rurais representados pela Via Campesina estão unidos na Campanha Nacional por um Brasil Livre de Transgênicos. Eles acamparam em vigília desde ontem, em frente ao portão de entrada que dá acesso ao prédio da CTNBio.

A posição do Greenpeace é de que nenhuma variedade de milho transgênico deve ser liberada. Segundo Ventura Barbeiro, estudos recentes realizados na Europa demonstram que o milho Gardian  BT, também chamado de “milho inseticida” (por conter substâncias tóxicas) pode causar um grande impacto na biodiversidade e matar não apenas as pragas, mas todos os insetos ao redor da planta.

A outra variedade de milho (Liberty Link), segundo o agrônomo, é resistente a um tipo de agrotóxico, mas não impede a entrada do produto em seus grãos. E milho com agrotóxico, de acordo com Ventura, poderia causar até abortos.

A representante da Coordenação Nacional da Via Campesina, Marina dos Santos, acredita que a pressão feita pelos movimentos sociais impediu a votação para liberar o milho transgênico: “Isso foi uma vitória não só para os movimentos sociais, para os camponeses, mas para a população brasileira como um todo. O milho transgênico de fato ia colocar em risco o futuro da humanidade, não só o milho como toda a transgenia.”