Pesquisador defende mudança na rotina de diagnóstico da malária

30/11/2006 - 18h35

Thais Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Diagnosticar e tratar pessoas com malária, mas que não apresentam os sintomas da doença, é essencial para controlar a doença, que voltou a crescer no país nos últimos três anos. A afirmação foi feita hoje (30) pelo cientista Mauro Tada, do Centro de Pesquisa em Medicina Tropical de Rondônia, no encerramento do  6º Curso de Controle Biológico, promovido pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, em parceria com a Universidade Federal do Amazonas e a Fundação Oswaldo Cruz.“A coisa mais importante é que, com a pesquisa, estamos conseguindo provar que o doente assintomático pode infectar o mosquito, gerando uma cadeia de transmissão. Até agora, nos procedimentos de combate à malária, os exames só são feitos quando a pessoa apresenta os sintomas da doença. Mas precisamos mudar essa rotina”, explicou Tada, em entrevista à Radiobrás.Mauro Tada está coordenando uma pesquisa em cinco comunidades rurais ao longo da estrada de ferro Madeira-Mamoré, em Rondônia, na área onde funcionará o canteiro de obras do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira. Os estudos estão sendo feitos em parceria com o Instituto de Pesquisas em Patologias Tropicais (Ipepatro), uma organização privada sem fins lucrativos. “Estamos trabalhando agora para traçar o perfil do doente assintomático, para facilitar sua identificação. Quando a gente fala em saúde coletiva, sabemos que é inviável fazer o teste de detecção da doença em todas as pessoas que moram em áreas endêmicas”, ponderou o cientista. Segundo Tada, em geral, a malária só se controla quando existem surtos epidêmicos, e as autoridades competentes descobrem que precisam fazer algo. "Estamos sempre atuando como bombeiros, apenas apagando incêndios”, disse ele. .  Após uma queda, entre 1999 e 2002, os casos de malária na Amazônia Legal, região que concentra 99% da ocorrência da doença no Brasil, vêm aumentando nos últimos três anos. De 2004 a 2005, o crescimento foi de 29,4%, passando de cerca de 464,3 mil doentes diagnosticados para aproximadamente 600,9 mil novos casos.