Patrícia Landim
Da Agência Brasil
Brasília - O interior do país apresentou crescimento maior do que as regiões metropolitanas no número de homicídios, entre 1994 a 2004. A análise foi divulgada hoje (16) pela Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI). A pesquisa, chamada Mapa da Violência 2006: Os jovens do Brasil, mostra que no interior a taxa de crescimento de homicídios chegou a 64,5%, enquanto nas capitais e regiões metropolitanas foi de 39,4%. O estudo divide a década em dois momentos: de 1994 a 1999, as capitais e regiões metropolitanas apresentaram uma taxa de crescimento de 6,1%, enquanto no interior a taxa subiu a 4,9%; e de 1999 a 2004, a taxa foi de 0,8% nas capitais, mas no interior continuou a crescer, passando a 5,3%.A OEI também registrou que em 2004, quando foi realizada a campanha do desarmamento, houve impacto maior nas capitais e regiões metropolitanas, com queda de 6,9% no número de homicídios. Já no interior a queda foi de 2,5%.A partir desses dados, segundo a Organização, desde 1999 há um processo de interiorização da violência homicida. Foram 28.186 óbitos por homicídio nas capitais e nas regiões metropolitanas, enquanto o interior registrou 14.728 homicídios. Em 2004, os números subiram, respectivamente, para 29.266 e 19.108.As principais causas apontadas pela OEI essa interiorização da violência são o fato de os pólos de crescimento em municípios do interior se tornarem atrativos para as migrações, pela expansão do emprego e da renda; e os investimentos previstos no Plano Nacional Segurança Pública e no Fundo Nacional de Segurança, que nas capitais dificultaram a ação do crime organizado, levado a migrar para áreas de menor risco.