Ex-ministro Humberto Costa pede justiça à CPI

08/11/2006 - 15h20

Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ex-ministro da Saúde Humberto Costa pediu “justiça” após depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas. “O meu nome foi utilizado indevidamente nos meios de comunicação e na CPI. O que eu pedi é que qualquer coisa que fosse identificada em relação a mim, existente ou inexistente, é que pudesse haver uma consignação formal no relatório da CPI”. Costa, que esteve a frente da pasta entre janeiro de 2003 e julho de 2005, confirmou aos parlamentares ter encontrado o empresário Luiz Antônio Vedoin, um dos sócios da Planam, em fevereiro de 2003. Mas negou tê-lo favorecido. O ex-ministro disse que o encontro ocorreu em seu gabinete, em uma audiência solicitada pelo ex-deputado Benedito Domingos. “Não sabia que Vedoim estaria lá”, informou. A audiência, segundo ele, foi acompanhada pelo assessor parlamentar Ducan Semple. No encontro, o empresário pedia a liberação de restos a pagar pela venda de ambulâncias. “Resposta que dava era padrão: se estiver dentro do que o decreto prevê que deve ser pago será pago. Se não estiver, não será pago”, disse o ministro, acresentando que a Planam cumpria os requisitos previstos no decreto. Costa afirmou, ainda, que tomou conhecimento do esquema de compra superfaturada de ambulâncias com recursos do Orçamento Geral da União em novembro de 2004 em relatório da Contraladoria-Geral da União (CGU). “O que eu sabia passei a saber em novembro de 2004, quando a CGU nos comunicou, a partir de sorteios que havia realizado em alguns municípios, de que havia suspeitas do funcionamento de uma espécie de organização para fraudar licitações de ambulâncias. E pedia que nós ampliássemos os controles e fizesse investigação”.Ele negou conhecer Raimundo Lacerda e José Diniz. De acordo com o sub-relator deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), eles teriam procurado os Vedoim, em nome de José Airton Cirillo, para negociar dívida com a Planam. “Desconheço quem são [Lacerda e Diniz]. Nunca vi. Não sei se são altos, baixos. Qual a tez da pele que essas pessoas têm. Nunca recebi no meu gabinete”, ressaltou. Segundo Costa, a prova maior de que “essas pessoas estavam vendendo prestígio inexistente” é que os recursos seriam liberados independentemente disso. “Se Darci Vedoim pagou qualquer propina, foi ludibriado”.  O ex-ministro também disse que se encontrou várias vezes com Cirillo em visitas ao Ceará. Segundo Costa, quando ia ao estado era recebido por diversas pessoas,  dentre elas, Cirillo. “Jamais dei delegação nem a ele, nem a quem quer que seja para falar no meu nome”, observou.