Produção industrial cai 1,4% em setembro, diz IBGE

07/11/2006 - 13h58

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A produção industrial brasileira caiu 1,4% de agosto para setembro, depois de dois meses de crescimento (0,7% em agosto e 0,7% em julho). O dado é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou hoje (7) os resultados da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física. De acordo com o coordenador do estudo, Silvio Sales, a queda representa uma acomodação da indústria em relação aos meses anteriores. “Essa queda de 1,4% meio que neutraliza os dois meses consecutivos anteriores de crescimento, que haviam somado também 1,4%. Então, a indústria ficou estabilizada nos últimos três meses”.De janeiro a outubro deste ano, a produção da indústria nacional acumula crescimento de 2,7% e a taxa para os últimos 12 meses está em 2,3%.Em comparação com setembro de 2005, a produção industrial cresceu 1,3%. Embora positiva, a taxa é inferior aos níveis de crescimento que vinham sendo observados nos meses anteriores (4,8% em junho; 3,5% em julho; e 3,3% em agosto) em relação a períodos semelhantes do ano passado. Segundo o IBGE, entre agosto e setembro, 12 das 23 atividades pesquisadas contribuíram para o recuo, que fez o nível de produção retornar ao patamar de junho.A maior influência foi do setor de veículos e automotores, cuja produção reduziu-se em 9,3%, principalmente por causa da greve que atingiu as grandes montadoras do país. Também houve queda na produção das indústrias de fumo (26,6%), produtos químicos (3,2%) e outros equipamentos de transportes (11,8%).

A pesquisa revelou queda em todas as categorias consideradas: bens de capital, bens intermediários e bens de consumo, tanto duráveis quanto não-duráveis. O resultado mais negativo foi observado na produção de bens de consumo duráveis (queda de 4,4%), que inclui, entre outros produtos, veículos e automotores.

A  produção aumentou em 15 dos 27 setores pesquisados, com destaque para máquinas para escritório e equipamentos de informática, no qual a expansão foi de 47,8% em relação a setembro do ano passado. Também cresceu o volume produzido pelas indústrias extrativa (5,0%), de máquinas e equipamentos (6,0%), de alimentos (1,8%) e de bebidas (7,8%).

Em sentido contrário, houve redução na produção de veículos automotores (4,5%), de outros produtos químicos (3,6%) e de vestuário (10,3%).

Segundo Sales, além da greve nas montadoras, a redução no ritmo de crescimento da indústria, na comparação com setembro de 2005, reflete também a ocorrência de um dia útil a menos no mês de setembro de 2006.

Ele destacou que outros fatores conjunturais vêm influenciando a redução no ritmo do crescimento da produção industrial. “A indústria continua crescendo em 2006, mas a taxas cada vez menores. Ela abriu o primeiro trimestre de 2006 com 1% em relação ao final de 2005, desacelerou no segundo trimestre, com 0,7%, e agora no terceiro teve 0,4%, uma nova desaceleração”.

Ele acrescenta que “a trajetória de desaceleração contínua na produção industrial é reflexo do menor dinamismo nas exportações e da presença crescente de importados”. 

Sales também lembrou que em alguns setores, como o de petróleo, houve crescimento muito grande desde o ano passado. Então, é natural que as taxas sejam agora menores, já que a base de comparação é muito alta.