TCU aponta deficiências no programa de construção de cisternas

06/11/2006 - 18h14

Lourenço Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - No ritmo atual, o programa do governo federal para construção de cisternas destinadas a armazenar água de chuva no semi-árido nordestino levará 16 anos para atender à demanda existente, estimada em  um milhão de novas unidades instaladas. A conclusão consta do relatório de avaliação do programa feito, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), no ano passado, e divulgado hoje (6) em Brasília.Nos trabalhos de campo, os auditores do TCU constataram que grande parte das famílias beneficiadas não está sabendo fazer o tratamento da água armazenada nas cisternas. A fiscalização encontrou cisternas com rachaduras ou com problemas no funcionamento das bombas d’água. Segundo o TCU, além disso, a distribuição das cisternas entre comunidades e famílias não atende plenamente o público-alvo, pois existem "fatores diferenciados e específicos em determinadas localidades".De acordo com o relatório, parcela da população carente não vem sendo atendida porque sua região não está assistida com o programa. Outro problema é que as cisternas só atendem quem tem residência própria, e se as casas forem cobertas por telhas de barro a partir de 40 milímetros quadrados. Apesar de reconhecer que as cisternas de placas de cimento adotadas pelo programa do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome são solução para garantir o acesso à água potável  no nordeste, o relatório diz que é preciso "fomentar o desenvolvimento de soluções alternativas para o abastecimento de água e, incentivar atividades produtivas complementares à construção das cisternas".O TCU revelou deficiência também  nas atividades de controle e monitoramento e nos canais disponibilizados à sociedade para apresentação de sugestões, críticas e denúncias. A avaliação realizada pelo Tribunal de Contas vai ser encaminhada aos ministérios do Desenvolvimento Social e da Saúde e a outras áreas do governo ligadas ao programa das cisternas.