Presidente do TSE diz que campanha não teve caixa dois e defende fim da reeleição

27/10/2006 - 20h30

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Marco Aurélio Mello, reconheceu hoje (27) que houve caixa dois na última eleição presidencial, em 2002, mas negou que o mesmo tenha ocorrido no pleito atual, que termina domingo.“Em 2002, houve recursos não contabilizados, mas agora não”, disse Marco Aurélio em entrevista coletiva. Segundo ele, “as mazelas não são mais escamoteadas”. “Até mesmo doadores que doavam por debaixo do pano, e aqui eu me refiro especificamente ao caixa dois, estiveram em 2006 mais espertos, o que é muito bom em termos de avanço cultural”.O presidente do TSE também defendeu o fim da reeleição. “O dia-a-dia tem revelado que a reeleição é implementada com a mesclagem de posições de administrador e candidato. Não fazia parte da nossa cultura republicana e creio que hoje há consenso quanto ao retorno à prática anterior, de um único mandato.”Sobre a cláusula de barreira, que entra em vigor na próxima legislatura com o objetivo de reduzir o número de partidos, ele disse acreditar que dará maior qualificação legislativa à política brasileira, com o maior rigor da legislação eleitoral e com a fusão de partidos imposta com a cláusula de barreira. “A via está aplainada para uma reforma político-partidária mais profunda em 2007, tanto quanto possível, porque em 2008 teremos eleições municipais”.Marco Aurélio também opinou sobre os casos de corrupção. Disse que tendem a diminuir por causa das descobertas feitas e investigadas nos últimos tempos – quando, segundo ele, o número de casos cresceu.Quanto ao processo que corre no TSE em virtude das investigações sobre o suposto dossiê com informações que comprometeriam políticos tucanos, o presidente do TSE disse que é preciso respeitar os prazos normais. “Antes de encerrado o processo, não há como caminhar-se para uma glosa [punição], ainda que indireta, sob o ângulo da prestação de contas. Até hoje não sabemos como surgiu R$ 1,7 milhão [dinheiro que seria usado para comprar o dossiê].”Marco Aurélio fará amanhã um pronunciamento em cadeia nacional, às 20h no rádio e 20h30 na televisão.