Cientista diz que eleitor não leva em conta somente a propaganda do candidato

27/10/2006 - 15h35

Spensy Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As pesquisasqualitativas são instrumentos de marketing para ajudar nodiscurso de um candidato nas eleições. Para algunscientistas, esse método aproxima política e mercado.Muitas vezes, torna o político uma simples mercadoria. Jáo cientista político Pedro José Floriano Ribeiro afirmaque não se deve subestimar a capacidade do eleitor. "Oeleitor não 'compra' qualquer coisa. Não é comovender sabonetes, porque sabonetes não têm história",diz ele. "Um candidato vai ser cobrado por sua história,pelo que já disse, pelo que já fez o seupartido."Ribeiro ressalva que a "tentação"de moldar o discurso a partir do que apresentam as pesquisas égrande. "Mas o político nunca vai conseguir passar umaborracha em tudo o que ele disse antes", diz. "O eleitor,hoje, não é tão desinformado, ele já nãocai em certos truques como há 20 anos. È o hábitode votar que vai se formando."Mesmo assim, diz Ribeiro,o emprego em larga escala das técnicas do marketing tem pelomenos um efeito empobrecedor sobre o debate político. "Ascampanhas ficam mais homogêneas, porque os candidatos jásabem de antemão o que o eleitor quer ou não ouvir. Ospontos sensíveis tendem a ser evitados, então, nessesentido, há uma despolitização."