Ministério da Agricultura no Rio garante apoio a índios para uso de antigo museu

23/10/2006 - 23h19

Beatriz Mota
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O índios que desde sexta-feira (20) ocupam o antigo prédio do Museu do Índio, no Maracanã, zona Norte da cidade, conquistaram o apoio do superintendente regional do Ministério da Agricultura, Pedro Cabral, para a transformação do espaço, novamente, num centro cultural. "Da parte do ministério vocês vão receber todo o apoio no que se refere àquele prédio. Estamos dispostos a participar desse projeto e a nossa parte nisso é arrumar uma forma jurídica de como transferir aquela área”, afirmou Cabral. Durante reunião realizada hoje (23), os representantes de etnias como Guajajara, Pataxó, Xavante e Guarani manifestaram o desejo de transformar o local, desativado desde 1978, num centro de convergência educacional, de preservação e difusão da cultura indígena. Segundo o advogado Arão da Providência, representante da etnia Guajajara, a intenção é que o imóvel não seja apenas um centro de material etnográfico: “O Museu do Índio que existe hoje no Rio apresenta o indígena com uma visão européia de museu. Nós queremos divulgar os saberes e conhecimentos indígenas de forma igualitária, queremos espaço na sociedade nacional”, afirmou. Outros representantes indígenas também apresentaram suas idéias sobre o projeto e enfatizaram que ele deve ser feito “para o índio e sobre o índio”. Foram discutidas ainda questões emergenciais para a ocupação do prédio, como a limpeza do local e a instalação de banheiros químicos. O superintendente regional do ministério prometeu disponibilizar material e pessoal necessários para que o trabalho seja feito. Segundo Gesa Corrêa, representante do Movimento Tamoio que apóia a manifestação, a intenção do grupo é permanecer no local até que as obras sejam iniciadas. “Não vamos sair de lá até que vejamos as coisas sendo construídas”, disse, e contou que os índios pretendem construir ocas na área em torno do prédio para servir de abrigo. Para se manter no local, o grupo começou a organizar, ontem (22), uma feira de artesanato com o objetivo de arrecadar dinheiro. Além disso, segundo o advogado Arão da Providência, os índios vêm recebendo doações de parentes que moram na cidade e o apoio de instituições como a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), e de movimentos sociais.Nesta noite, os índios começaram a discutir um projeto para a utilização do imóvel. Eles pretendem entregar esse projeto ao governo federal até sexta-feira (27).