Pesquisador diz que investimento em aqüicultura eleva quantidade de pescado no país

22/10/2006 - 10h25

Ivan Richard
Da Agência Brasil
Brasília - O Brasil pode aumentar de forma significativa sua quantidade de pescado se investir na aqüicultura. A afirmação é de Roberto Wahrlich, da Associação Brasileira de Oceanografia. Ele tomou posse na última quarta-feira (18) como um dos 54 membros do Conselho Nacional de Aqüicultura e Pesca (Conape).Segundo Wahrlich, que representa as entidades de pesquisa no colegiado, o uso do cativeiro permite que se possa completar a falta de nutrientes na questão de um cultivo em mar. Pesquisa recente mostrou que cerca de 80% das espécies pescadas na costa brasileira estão no limite de sua capacidade de recuperação. Isso se deve a baixa concentração de nutrientes na água o que dificulta a existência de grandes cardumes.Para o pesquisador, a dificuldade brasileira está na pesca, que é uma atividade extrativista e depende da reprodução natural dos peixes. Mas ele diz que, em relação à aqüicultura desenvolvida em rios, lagos e lagoas, por exemplo, o potencial do Brasil se iguala a outros países, como a China – uma referência mundial na área. “Para isso, é preciso, além de política pública constante, sem interrupção, termos, ao mesmo tempo, investimento em pesquisa e fomento adequado do negócio, dos empresários e da atividade produtiva”, comentou.Para o coordenador do Movimento Nacional dos Pescadores, José Carlos Diniz, a diminuição dos peixes no litoral brasileiro não é uma novidade. “Quem está trabalhando no dia-a-dia sabe que a maior parte dos cardumes está em fase terminal”, afirmou. Ele avaliou que investimentos na comprar de equipamentos para os pescadores e a criação de áreas de reserva poderiam melhorar o problema.“O que acontece hoje é que muitos pescadores praticam pesca predatória por não terem condições de trocar seus apetrechos”, contou Diniz. Ele exemplificou: os pescadores poderiam utilizar malhas maiores, o que facilitaria reduziria a captura de exemplares que ainda não se reproduziram.Já o presidente do Conselho Nacional de Aqüicultura (Conep), Fernando Ferreira, que representa o setor empresarial no Conape, avaliou que a criação da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca sinalizou, para os empresários, uma política de governo mais focada. “Há duas décadas que a pesca estava à deriva”, disse. “Agora, estão ocorrendo vários investimentos, como o rejuvenescimento da frota [de barcos] e a reciclagem profissional dos pescadores.”