Estabilidade explica aumento de 46% nas fusões de empresas até setembro, diz consultor

21/10/2006 - 10h22

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O período de janeiro a setembro deste ano foi marcado pela realização de 386 transações de fusão e compra de empresas no Brasil, registrando aumento de 46% em relação aos noveprimeiros meses de 2005. As negociações envolvendo aquisição de controle predominaram, com um total de 203 operações e crescimento de 38% na comparação com igual período do ano passado. Os dados constam do Relatório de Fusões e Aquisições de setembro, divulgado nesta semana pelaconsultoria internacional PricewaterhouseCoopers. O ambiente deestabilidade econômica no Brasil e o fim das  preocupações domercado no campo político explicam esse aumento, analisou Raul Beer, sócio daPrice. Segundo Beer, "os agentes financeiros dizem que a economia brasileira está bem e tem um potencial decrescimento, mesmo que não se façam as reformas que poderiam levar oBrasil a um patamar de crescimento de 5% a 6%” do Produto InternoBruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas do país. Ele destacou que, para os agentes, o Brasil é um mercado em que interessa investir,mesmo crescendo à taxa de 3% ao ano. “E a melhor forma de investir noBrasil, considerando o tamanho do mercado e da economia, éprovavelmente comprando uma empresa e não partindo do zero”,avaliou. O estudo revela que  os setores financeiro, de alimentos,de tecnologia da informação, mineração e varejo concentraram 42% dosnegócios efetuados entre janeiro e setembro de 2006. Das264 operações de troca de controle e participação  minoritária,45% foram lideradas por estrangeiros, com destaque para os investidoreseuropeus. Esse é o maior nível dos últimos quatro anos. Raul Beerexplicou que também o empresário brasileiro começa agora a se acostumarcom esse instrumento relativamente novo no país, que é a comprade um concorrente. "A tendência é deque o mercado de fusões e aquisições continue crescendo, impulsionado pelas negociações em Bolsa deValores", apostou. Isso se dá através da captação  derecursos novos para efetuar aquisições e também pelo uso da Bolsa parapagar a compra de controle. “Em vez de você pagar em dinheiro,a transação é paga com ações novas emitidas pelo próprio comprador”,esclareceu. É o caso da aquisição do Bank Boston no Brasil peloItaú, citou Beer, como exemplo de um mecanismo que não era adotadoanteriormente no país.