Estudo traça perfil da vida no campo

11/10/2006 - 20h23

Isabela Vieira
Da Agência Brasil
Brasília - Apenas 10% dos moradores do campo estudaram mais de dez anos, enquanto na cidade esse percentual se eleva para 60%. No meio rural, o número de analfabetos também é elevado. São 23,2% em comparação com os 9% que moram nas cidades. Os dados constam do estudo "Estatísticas do Meio Rural", lançado hoje (11) pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). A publicação apresenta um retrato da vida no campo e da estrutura fundiária brasileira, além de tratar da produção agropecuária e da reforma agrária.De acordo com a publicação, nos últimos dez anos cerca de 4 milhões de hectares, o que corresponde a 4 milhões de campos de futebol, foram destinados por ano à reforma agrária. Nesse período, conquistaram uma nova moradia cerca de 700 mil famílias.Caio França, um dos coordenadores da pesquisa do Ministério de Desenvolvimento Agrário, disse que o aumento do número de assentamentos pode justificar a queda do número de ocupações de terras, que reduziu nos últimos cinco anos. Em 2001, foram notificadas 157 ocorrências, contra 502 no ano de 1999. “Na medida que se intensifica o programa de reforma agrária, essa demanda mobilizada e organizada que está acampada começa a ser absorvida pelos assentamentos”, explicou. A pesquisa aponta também que mais da metade dos trabalhadores rurais brasileiros, 68,3%, não têm carteira assinada, sendo o Norte a região com o menor número de trabalhadores cadastrados, 15,5% do total. Sobre as condições de vida, não há saneamento básico em 26,1% das moradias rurais ou formas de esgotamento adequado em 54,3%.Segundo França, a publicação tem a função de auxiliar na construção de políticas públicas para a área. “A publicação sobre o meio rural foi pensada para ser um instrumento para auxiliar os gestores e as pessoas responsáveis pela implementação de políticas públicas de várias áreas como saneamento, educacional, saúde e geração de emprego”.A publicação "Estatísticas do Meio Rural" reuniu dados de pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), e foi organizada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).