Inflação tem alta em setembro pressionada por aumento de salário de empregados domésticos

06/10/2006 - 16h04

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O aumento dos salários de empregados domésticos foi o quemais contribuiu para a inflação de 0,21% no mês de setembro, divulgada estamanhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número,que corresponde ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou acima0,16 ponto percentual acima dos 0,05% apurados em agosto.De acordo com a coordenadora de Índices de Preços do IBGE,Eulina Nunes dos Santos, os gastos com empregados domésticos já vinhampressionando a inflação desde junho, depois que houve aumento no saláriomínimo, e embora este mês a variação tenha sido menor (passou de 2,26% emagosto para 1,97% em setembro), o item foi a principal contribuição para oresultado IPCA.Também influenciaram o índice, que é referência para asmetas oficiais de inflação no país, a alta nos cigarros (sem reajuste em agostopara 2,72% em setembro), nas taxas de água e esgoto (de 0,51% para 1,89%) e nosartigos de vestuário (de 0,09% para 0,46%).A variação nos preços dos alimentos foi pequena em relaçãoao mês anterior, passando de 0,07% para 0,08%. Segundo o IBGE, a maioria dosprodutos alimentícios ficou mais barata, mas houve aumento nos preços de algunsitens como o tomate (17,33), frango (5,27%) e carnes (2,32%). Despesas com combustíveis ficaram estáveis ou tiveramredução. A gasolina teve variação de 0,05%, enquanto o preço do álcool caiu3,56%.De acordo com a técnica do IBGE, a estabilidade nos preçosdos alimentos está contribuindo para conter a inflação. “Há três meses osalimentos se mantêm em torno de 0% e antes vinham em queda desde o mês defevereiro, o que significa que estão dando uma contribuição para conter ainflação e manter a taxa acumulada até o mês de setembro, que está bem abaixoda registrada no ano passado”.Com o índice divulgado hoje, o IPCA acumulado no ano está em2%, enquanto em 2005, neste período do ano a inflação atingia 3,95%. A inflação para os últimos 12 meses fechada em setembro foide 3,70%, também menor do que a registrada no mesmo período do ano passado, quefoi de  3,84%. Para Eulina Santos, “os resultados (da inflação) mostram umatendência decrescente a cada mês. Isso indica que para frente - não seesperando surpresas, já que a inflação está bem comportada - os números vão sercada vez menores, tendendo para a casa dos 3%”.O IBGE também divulgou nesta sexta-feira (6) o ÍndiceNacional de Preços ao Consumidor (INPC), que verifica a inflação para asfamílias com rendimentos mensais até seis salários mínimos. A taxa parasetembro foi de 0,16%.A inflação foi menor para as famílias de baixa renda, poisitens que tiveram aumento nos preços, como o salário de empregados domésticos,não influenciam tanto seu orçamento. O item alimentação, que representa cercade 26% dos gastos destas famílias, permaneceu estável. O INPC acumulado no ano até setembro está em 1,32%, enquantono mesmo período do ano passado o acumulado era de 3,47%.Conforme Eulina Santos, “este ano as famílias de renda maisbaixa estão se beneficiando mais dos preços. A inflação está bem menor, emfunção principalmente dos alimentos que ficaram mais baratos no ano e algunsitens que cresceram não fazem parte com importância da cesta de bens dessasfamílias”.Segundo a técnica, o câmbio, com a redução no preço do dólar,é o principal fator que tem contribuído para a redução ou estabilidade no preçodos alimentos.