Vendas na indústria caem 1,13% em agosto, aponta CNI

03/10/2006 - 16h42

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As vendas da indústria caíram 1,13% em agosto quando comparadas a julho, apesar de agosto ter tido dois dias úteis a mais que o mês imediatamente anterior. Em compensação, o nível de emprego manteve a tendência de crescimento pelo nono mês seguido, como revela o boletim da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre indicadores Industriais, divulgado hoje (3).O coordenador de Economia da entidade, Flávio Castelo Branco, disse que a queda nas vendas deveu-se, basicamente, à valorização de 1,5% do real em relação ao dólar norte-americano, o que gerou queda no faturamento das empresas com fortes atividades de exportação. Segundo ele, no acumulado do ano, o real valorizou 14% frente ao dólar.Os indicadores da CNI mostram, ainda, que as horas trabalhadas na produção mantiveram-se estáveis em agosto, embora a indústria tenha trabalhado com 81,5% da capacidade instalada. Percentual menor que em julho, quando a operação chegou a 81,8%. Na avaliação do economista, a produção tende a se intensificar até novembro, para atender à demanda do final do ano.De acordo com Branco, a valorização da moeda brasileira impede um crescimento maior do faturamento das indústrias. "Mas a tendência é de recuperação, embora moderada”. O aumento de 0,17% no número de postos de trabalho na indústria de transformação, acrescenta o economista, sinaliza a expansão das vendas no segundo semestre.A queda dos juros iniciada em setembro do ano passado, com redução da Selic (a taxa básica de juros da economia) para 14,25% ao ano, já começa a refletir na renda das famílias, mesmo que os benefícios ainda não tenham sido totalmente repassados ao consumidor. Ele pondera que os juros menores, somados ao aumento da renda causado pelo controle da inflação, favorecem o consumo, o que explica a trajetória de crescimento das horas trabalhadas na produção.