Presidência pedirá explicações a Lorenzetti e Expedito sobre dossiê

25/09/2006 - 20h34

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Comissão de Ética Pública da Presidência da República vai pedir esclarecimentos a Jorge Lorenzetti e Expedito Veloso para verificar se houve desvio de ética e uso da máquina pública para fins partidários com relação ao episódio da compra do dossiê. Na prática, o colegiado quer saber se houve “confusão” entre o exercício da atividade no serviço público e a de cidadão.Os dois devem prestar esclarecimentos por estarem sob jurisdição do colegiado. Expedito é ex-diretor do Banco do Brasil (BB) e Lorenzetti, diretor do Banco Estadual de Santa Catarina (Besc), federalizado recentemente. Até o início da crise, Lorenzetti era chefe do núcleo de informações e inteligência da campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.Os dois são apontados por envolvimento no episódio do dossiê que incriminaria candidatos tucanos e de outros partidos com o “esquema dos sanguessugas”. O pedido de esclarecimentos também será enviado ao BB e ao Besc.“Estamos pedindo mais esclarecimentos porque pelas informações que tivemos, por meio da imprensa, eles poderiam estar infringindo algum tipo de regra do Código de Conduta da Alta Administração Federal, que exige uma clareza de posições das autoridades, decoro e total integridade nos atos que praticam”, disse o presidente da comissão, Marcílio Marques Moreira.Segundo ele, os dois têm prazo de cinco dias úteis, a contar do recebimento do ofício, para responder ao colegiado. O processo foi aberto por iniciativa da comissão, que se reuniu hoje (25) para discutir a questão.A Comissão de Ética, destacou Marcílio, quer saber a situação funcional dos dois, se estavam de licença remunerada ou não remunerada, de férias e que função exerciam na campanha do presidente Lula. No caso de Lorenzetti, o colegiado também se interessa pela ligação com organizações não-governamentais.Ele é um dos coordenadores da ONG Unitrabalho e foi citado em depoimentos da investigação em curso como envolvido na negociação do dossiê. Levantamento divulgado recentemente pela ONG Contas Abertas mostra que a Unitrabalho teria recebido recurso do Ministério do Trabalho um dia antes da prisão de quatro pessoas acusadas da montagem do dossiê.