Especialistas discutem estratégias para controle da tuberculose

21/09/2006 - 20h55

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - As principais estratégias utilizadas nos últimos dez anos para o controle da tuberculose estão sendo avaliadas por profissionais da saúde reunidos em seminário que prossegue até amanhã (22) e resultará na publicação de uma revista específica sobre o assunto. Segundo Joseney dos Santos, representante da Coordenação das Doenças Endêmicas da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, que promove o encontro, a revista deverá contribuir para o ProgramaNacional de Tuberculose. "Precisamos incorporar uma avaliação mais crítica sobre as tecnologias que utilizamos no Sistema Único deSaúde (SUS) e a forma como as políticas públicas são conduzidas”, disse.O Brasil, acrescentou, foi o primeiro país no mundo a "ousar fazer um esquema de curta duração e retirar as pessoas dos sanatórios, na década de 70, e a reintegrá-las à sociedade e à família". O SUS implantou, ainda a quimioterapia de curta duração, lembrou. "Depois que se descobriu o tratamento eficaz da doença,que é uma das que tem o custo mais elevado, ela foi deixada de lado”.Santos destacou que a tuberculose voltou a ser prioridade, já que oBrasil ocupa o 15o lugar entre os 22 países responsáveis por80% do total de casos no mundo. De acordo com as estimativas doMinistério da Saúde, para cada 100 mil brasileiros, há 47 pessoas comtuberculose. Cerca de 50 milhões estão infectados, mas nãodesenvolveram a doença, e a cada ano serão 110 mil novos casos e 5mil mortes.Antes do aparecimento do HIV, de acordo com o coordenador, 90% das pessoas infectadas nãoadoeciam – a tuberculose é a segunda doençaoportunista mais freqüente e a principal causa de morte entre os doentes com Aids. Ele disse acreditar, no entanto, que o controle da doença "está entrando em uma reta de equacionamento". E destacou: "É importante que a doença seja priorizadapela Organização Mundial da Saúde, por causa do número de doentes,mas se formos levar em consideração o risco de a população adoecer, nóssomos o 97o em todos os países que notificam para a OMS”. Ocoordenador afirmou ainda que "a tuberculose é um marcador social, uma doença que ainda mata muitas pessoas, mas nós temos resposta, com medicamento e diagnóstico gratuito".