Somente em 2081 mulheres deverão receber salários iguais aos dos homens, conclui estudo

30/08/2006 - 0h15

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Somente em 2081, mantida a evolução dos últimos dez anos, as mulheresdeverão passar a receber salários iguais aos dos homens. A informação consta dapublicação “Visão do Desenvolvimento”, divulgada semanalmente pelo BancoNacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).A última publicação teve como tema “Mulheres conquistam mercado, mas ganhammenos” e foi coordenada pelo economista da Secretaria de Assuntos Econômicos dobanco, Antônio Marcos AmbrozioDe acordo com o estudo, embora as mulheres estejam cada vez mais ganhandoespaço no mercado de trabalho que demanda maior qualificação da mão-de-obra,sua remuneração ainda é comparativamente inferior à que recebem os homens nospostos com o mesmo grau de especificação. Esta discrepância salarial por sexo verificada nos últimos dez anosfavoravelmente aos homens entre os trabalhadores mais escolarizados pode, emprincípio, ser explicada pela maior limitação de acesso das mulheres a cargosde chefia ou, mais geralmente, a ocupações bem remuneradas.Em entrevista à Agência Brasil, o economista atribuiu a desigualdadesalarial “robusta” entre mulheres e homens, em parte, às dificuldades erestrições que o sexo feminino encontra para ocupar cargos de chefia.Para ele, a disparidade salarial entre homens e mulheres reduziu-se de forma“muito tímida” ao longo dos últimos dez anos. “A persistir essa tendência,seriam necessários mais de 75 anos para eliminar completamente a desigualdadesalarial por sexo”, acredita.As projeções, no entanto, podem ser atropeladas pela constatação de que, emrazão das dificuldades decorrentes da realidade do mercado, as mulheres vembuscando cada vez maior grau de especialização. Grau este que poderá lhes darmaior capacidade de competição em um mercado ainda favorável em nível salarialao sexo masculino.“O próprio fato de as mulheres estar tendo um acesso crescente a maiseducação e, conseqüentemente, a empregos mais qualificados pode levar a umencurtamento deste diferencial – do tempo de redução da diferença deremuneração entre homens e mulheres”, admite Ambrozio.O estudo foi elaborado a partir de dados do CadestroGeral de empregados e Desempregados (Caged) e da Relação Anual de InformaçõesSociais (Rais), do Ministério do Trabalho.