Tupiniquins estão presos há 20 dias sob alegação de “furto de eucalipto”

28/08/2006 - 19h37

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Vinte e três pessoas estão presas há 20 dias sob acusação de furtar eucalipto das fazendas da empresa Aracruz Celulose. Os dezessete índios tupiniquins e seis não-índios estão detidos desde o dia 9 de agosto na Delegacia de Polícia do município de Aracruz (ES).A delegada Andréa Gimenes afirma que eles foram detidos em flagrante sob a acusação de que furtar eucalipto numa área em disputa entre a empresa Aracruz Celulose e os indígenas. As lideranças indígenas da região questionam a versão da polícia e da empresa. Segundo o presidente da Associação Indígena Tupiniquim Guarani, cacique Vilmar de Oliveira, os índios não estavam retirando madeira do local. De acordo ele, os tupiniquins caíram numa "armação". Segundo o cacique, quatro policiais militares abordaram o grupo, numa estrada que fica entre a terra indígena e a área reivindicada. "Eles induziram o pessoal a ir numa reunião dentro de uma área que pertence à empresa Aracruz Celulose e lá fizeram a apreensão do pessoal", conta Oliveira.O cacique defendeu que os índios respondam ao inquérito em liberdade. A Fundação Nacional do Índio (Funai) aguarda a decisão da Justiça do Espírito Santo sobre o assunto. Na semana passada, o procurador-federal da Funai no Rio de Janeiro, Antonio Cavaliere Gomes, entrou com pedido liminar de hábeas corpus ao Tribunal de Justiça do estado, para que os índios possam deixar a prisão. Vilmar de Oliveira também criticou as condições em que os índios estão presos na delegacia. Para ele, o principal problema é a superlotação, uma vez que os todos os indígenas os não índios ocupam a mesma cela.A delegada Andréa Gimenes reconhece o problema, pois a capacidade para cada cela é de seis presos. Atualmente, a delegacia abriga 109 pessoas, enquanto a capacidade total é de 36. Mas, segundo a delegada, neste caso específico, os índios foram colocados numa única cela para evitar que eles tivessem contato com presos que cometeram crimes como homicídios. "Não é o melhor, mas é o menos pior", avalia.