Esquema de comércio ilegal de madeira movimentou R$ 53 milhões

09/08/2006 - 16h53

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Oesquema para concessão ilegal de autorizaçõespara transporte de produto florestal (ATPFs), desmontado numa açãoconjunta entre o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e RecursosNaturais Renováveis (Ibama) e a Polícia Federal (PF),movimentou cerca de R$ 53 milhões com o comércio deprodutos florestais. Hoje (9), 46 pessoas foram presas, de um totalde 54 mandados de prisão a serem cumpridos no Amapá,Pará, Santa Catarina e São Paulo, como parte daOperação Isaías. Segundo o chefe da áreaambiental daPolícia Federal, delegado Jorge Pontes, oesquema consistia em fraudar ATPFs, licenças exigidas para otransporte de produto florestal de origem nativa. O delegado disseque as autorizações foram tratadas como moeda peloesquema criminoso. De acordo com as investigações,cada ATPF era vendida por quantias entre R$ 1 mil e R$ 5 mil. “Ocrime ambiental passa a se organizar em razão do grande lucro,porque o fator lucro alto é a condição sine quanon para qualquer atividade criminosa passar a se organizar”,explicou.Pontes revelou que foram identificadas váriasformas de fraudes, desde a falsificação até ofurto das ATPFs da sede do Ibama no Amapá, passando pelasubstituição de data e do usuário. Deacordo com o delegado, Santa Catarina e Pará foram os estadosque sofreram os danos ambientais. A falsificação dasautorizações para o transporte de produto florestalobtido nesses dois estados ocorria no Amapá, onde, segundoPontes, ocorriam os chamados delitos de suporte. “O Amapáfornecia as ATPFs, que na verdade serviam apenas para lavar,legalizar a madeira extraída criminosamente de outrosestados”. De acordo com o delegado, também havia um braçoda organização no estado de São Paulo, tambémusado para cometer os delitos de suporte.Umdos presos durante a operação é o procuradorfederal vinculado à Advocacia Geral da União JoaquimGomes de Oliveira, que trabalhava do Ibama. Segundo a ministra doMeio Ambiente, Marina Silva, a função do procurador noesquema era dar “suporte jurídico a algo que nãotinha suporte jurídico”.Entre os suspeitos departicipação na quadrilha, também estão14 servidores do Ibama, que representam 9% do efetivo do órgãono Amapá. Desses, 13 já foram presos, assim como doisex-empregados terceirizados. A ministra destacou que o esquema nãocontava com a participação de nenhum dos novosservidores concursados do órgão.