Ainda é de expectativa clima em engenho ocupado pelo MST em Pernambuco

09/08/2006 - 0h22

Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife - Ainda é de expectativa o clima no engenho SãoJoão, no município de São Lourenço da Mata, a 16 quilômetros da capitalpernambucana. Desde a semana passada, 300 famílias de agricultores ligadas aoMovimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estão sendo ameaçadas dedespejo.A reintegração e posse das terras, que pertencemao grupo Votoratim, estava programada para a última quarta-feira (2). Oacampamento chegou a ser cercado por 300 policiais do batalhão de choque,cavalaria e cães da Polícia Militar de Pernambuco, mas os policiais recuarampara evitar confronto, já que os trabalhadores se recusavam a desocupar espontaneamentea área, de 580 hectares.Outro fator que contribuiu para a suspensão foium acordo firmado entre representantes do Instituto Nacional de Colonização eReforma Agrária (Incra), governo de Pernambuco e Polícia Militar, já que asterras estão sendo negociadas para fins de reforma agrária entre o Incranacional e integrantes do grupo Votorantim, de São Paulo. Eles teriam marcadouma reunião para o dia 15 deste mês, na sede da superintendência do Incra, emRecife, para tratar do assunto.O problema é que o juiz da comarca de SãoLourenço da Mata, José Gilmar da Silva, expediu parecer ontem, determinando ocumprimento imediato da ação de devolução das terras aos proprietários, inclusivecom apoio da polícia federal.O coordenador do MST, Jaime Amorim, teme que aatitude do magistrado venha a resultar em confronto entre policiais etrabalhadores. Ele disse que os camponeses estão dispostos a permanecer naárea. "Eles vão ficar até que se esgotem todas as possibilidades denegociação, defendendo suas casas, lavouras e principalmente o direito aterra", declarou. A superintendente do Incra em Pernambuco, Maria de Oliveira, viajou hoje aBrasília para tentar antecipar a data da reunião do presidente do Incra, RolfHackbart, com os representantes da Votorantim de São Paulo. As famílias detrabalhadores rurais do MST vêm tentando ser assentadas no local há cerca dedois anos.