PSB pede a cassação do mandato de Fernando Gabeira, do PV

08/08/2006 - 19h25

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente do Partido Socialista Brasileira (PSB), RobertoAmaral, protocolou esta tarde representação no Conselho de Ética e DecoroParlamentar da Câmara dos Deputados, com pedido de cassação do sub-relator daCPI dos Sanguessugas, deputado Fernando Gabeira (PV-RJ). O PSB justifica opedido argumentando que Gabeira praticou “atos incompatíveis com o decoroparlamentar”. O deputado do PV acusou o partido de manter um esquemairregular para liberar emendas destinadas ao Programa de Inclusão Digital, doMinistério de Ciência e Tecnologia. “Não é mais aceitável na Republica que a agressão a honra depessoas e de partidos sejam instrumentos para catar votos, principalmente emano eleitoral. Este artifício é leviano, é inaceitável. A honra alheia precisaser respeitada. Ele (Fernando Gabeira) apresentou apenas ilações, fez acusaçõesinfundadas, sem se dar o luxo de apresentar provas”, afirmou Amaral, ementrevista à imprensa, logo após a protocolar o documento. O Conselho de Ética da Casa vai analisar a representação.“Eu espero que a Casa compreenda que ela tem de dar um bastana utilização fácil e leviana da agressão à honra alheia. As acusações podemser feitas, aliás devem ser feitas, mas sempre com fundamentos. Fazeracusações apenas para ter mais espaço na mídia, em pleno ano eleitoral, éinjustificável", disse o presidente do PSB.O deputado Fernando Gabeira disse que estava "tranqüilo"com a atitude do PSB e, em entrevista à imprensa, reafirmou asdenúncias de que o Partido Socialista Brasileiro teria adquirido veículossuperfaturados para o programa de inclusão digital do Ministério.Roberto Amaral informou que em função das “acusaçõesinfundadas” de Gabeira, o partido vai mais além. Nesta quarta-feira, o PSB vaicontratar dois escritórios de advocacia para entrar, junto ao Supremo TribunalFederal (STF) e no fórum cível, com um pedido de indenização contra FernandoGabeira pelo desgaste que suas declarações provocaram no partido. Amaral voltou a negar que seu partido tenha usado oMinistério de Ciência e Tecnologia para fazer “aparelhamento político”, comoteria afirmado Gabeira. “Qual é a prova que ele (Gabeira) apresentou paradizer isso. O PSB está fazendo uma revolução no MCT. A afirmação de Gabeira éum desserviço ao desenvolvimento do país”, disse. Ao ser indagado sobre as acusações também do deputado do PVde que o ex-secretário de Inclusão Digital do Ministério de Ciência eTecnologia, Rodrigo Rollemberg, do PSB, não teria “carga teórica e política”para ter ocupado tal função, Amaral respondeu: “O cargo de Rollemberg não foium cargo técnico, foi um cargo político. O cargo de secretário de InclusãoSocial deve ser exercido politicamente, como determina a regra da República.Não é para ser usado partidariamente. Se ele tivesse ocupando no Ministério umcargo de carreira, ou de um técnico, aí sim haveria abuso do partido”, afirmou.Em função das acusações, Rodrigo Rollemberg entregou estatarde à CPMI dos Sanguessugas uma lista de emendas individuais executadas peloministério no ano passado. A documentação, segundo destacou o ex-secretário,comprova que todos os partidos, e não só o PSB, tiveram emendas aprovadas,num total de R$ 51,9 milhões. A lista também revela que o PT foi o partido que mais tevesuas emendas executadas pelo MCT, no valor de R$ 7,96 milhões, seguido pelo PP,com 7,94 milhões e pelo PSB, com R$ 7,5 milhões. Rollemberg disse ainda ser “natural que os parlamentares doPSB indiquem emendas para o ministério comandado por um integrante dopartido".