Solidez da economia valorizou a moeda, diz Mantega em São Paulo

01/08/2006 - 15h13

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reagiu hoje (1) a críticas à política cambial, ao afirmar que a valorização da moeda brasileira frente ao dólar é resultado em grande parte da solidez da economia do país e afastou a possibilidade de mudanças, no curto prazo. “À medida que o risco país foi caindo, uma enxurrada de dólares entrou no mercado”, justificou ele, em entrevista logo após palestra no 3º Fórum de Economia da Fundação Getúlio Vargas. Ao grupo de acadêmicos, empresários e líderes de centrais sindicais, Mantega avaliou, no entanto, que a valorização está aquém do apregoado por muitos analistas do mercado. “Existe valorização, mas não é na dimensão que está sendo propagada”, destacou. O ministro observou que o mesmo efeito foi constatado em outros países emergentes "e por razões semelhantes: sucesso no comércio exterior e condições sólidas no âmbito fiscal e monetário, que é o que temos hoje” .O ministro garantiu que o governo manterá o esforço "para não permitir uma deterioração”. E citou como exemplo as intervenções por meio dos leilões de compras de títulos cambiais. Desde 2003, informou, essas operações somaram US$ 150 bilhões: “Sem esse conjunto de medidas que estamos fazendo, o dólar estaria abaixo de R$ 2,00, o que seria dramático”, disse.  Ele também citou outras formas de compensação aos exportadores, como a redução do custo, o aumento de eficiência e a desburocratização: “Tudo isso é bom para o exportador que perde numa ponta e ganha na outra”.Na semana passada, Mantega havia anunciado um conjunto de incentivos na área cambial, como a permissão para que os exportadores deixem no exterior parte dos recursos obtidos nos negócios, a fim de cobrir as despesas operacionais, e com isenção do recolhimento da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Para o ministro, os efeitos só deverão ser sentidos no médio prazo. Ele descartou qualquer possibilidade de alteração na política cambial, afirmando que “não vai fazer nenhuma loucura”. E defendeu que o juro (a taxa Selic) tem um ritmo para cair e o câmbio tem uma certa lógica: "Nós somos partidários do câmbio flutuante e não vamos passar para a modalidade de câmbio fixo, como havia no passado, porque isso melhora por um curto período, mas piora em seguida”. Mantega previu será muito difícil o dólar retomar o nível de R$ 2,90 ou R$ 3,00, quando “o Brasil era um país mais frágil, levantava suspeitas no mercado internacional e tinha um saldo comercial menor”.