SBPC discute preservação das águas subterrâneas

18/07/2006 - 18h57

Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A preocupação com os mananciais de água subterrânea será assunto do simpósio que acontecerá amanhã (19), na 58a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Em destaque, o Aqüífero Guarani, um dos maiores reservatórios de água do mundo, com 1,2 milhão de quilômetros quadrados.Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), as águas subterrâneas representam hoje 98% de toda a água doce do mundo. Os outros 2% são compostos por rios e geleiras. O professor Ricardo Hirata, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP), um dos organizadores do simpósio, lembra que a escassez de água superficial é um problema no mundo e a alternativa será a utilização dos reservatórios subterrâneos, ainda pouco explorados. “Temos um imenso reservatório de água, com grande potencialidade e ainda sub-explorado. Quando falamos sobre a crise de água que o mundo está vivendo, vamos buscar novas alternativas e a água subterrânea é o grande reservatório de água”.Uma das ameaças ao sistema é a contaminação, que poderá vir do próprio solo, através dos agrotóxicos, dos lixões, da indústria. Outro problema, afirma Hirata, é a superexploração, ou seja, a extração de água acima da capacidade do reservatório. “Você tem uma densidade muito grande de poços numa região, sem ter idéia da capacidade do reservatório. Isso vai causar desequilíbrio no nível da água. Isso vai secar o aqüífero ou fazer com que a retirada de água se torne antieconômica”. O Aqüífero Guarani ocupa uma região transfronteiriça entre o Brasil – nos estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais - Paraguai, Uruguai e Argentina. Os quatro países desenvolvem o Projeto Sistema Aqüífero Guarani, com o objetivo de promover a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável desse reservatório.“Precisamos conhecer o aqüífero. O conhecimento dele é heretogêneo, em São Paulo, onde estão 70% dos poços, há maior conhecimento. Quando vamos mais para o sul, o aqüífero é muito pouco conhecido”, disse o professor. O cientista diz que o projeto pretende gerenciar fraternalmente, entre os quatro paises, o manancial. “Uma vez que um país não tem ingerência sobre o outro, aí tem que ter a boa vontade dos países em criar mecanismos efetivos de fraternidade entre os países para que o gerenciamento deste aqüífero funcione”.