Uruguai e Brasil se reúnem para buscar soluções sobre impasses no Mercosul

23/06/2006 - 18h55

Priscilla Mazenotti
Enviada especial

Montevidéu (Uruguai) – Os representantes dos governos do Brasil e do Uruguai se reuniram hoje (23) para discutir alternativas para melhorar o relacionamento entre os países membros do Mercosul e, principalmente, buscar reduzir as assimetrias entre as economias. Os países como Paraguai e Uruguai querem condições mais favoráveis de negociação de suas economias.

"Não estamos pedindo nada ao Brasil. Estamos negociando com o Brasil de levar adiante o Mercosul da melhor forma possível a concretização de alguns projetos. Entre eles, a recuperação da rede ferroviária do Uruguai", disse hoje (23) o ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Reynaldo Gargano, durante entrevista coletiva após a reunião que contou com a presença do presidente Tabaré Vásquez e o ministro brasileiro Celso Amorim.

Segundo o representante brasileiro, o bloco precisa amadurecer as relações para superar problemas da integração. "Precisamos dar um salto de qualidade no Mercosul. Precisamos passar para um Mercosul que veja realmente a necessidade uma política industrial e isso inclui obviamente o lado do negócio. Criar uma política industrial e tecnológica comum. Esse é o grande passo", disse em referência ao que classificou como "new deal" (novo acordo, em inglês), ou seja, "um Mercosul para as economias menores".

A análise da balança comercial (exportações e importações) entre os países mostra que o Uruguai exportou no ano passado US$ 493 milhões em produtos para o Brasil, que por sua vez, exportou US$ 849 milhões. O saldo, portanto, é negativo para o Uruguai. Essa relação desfavorável já foi diferente. Em 1998, quando os dois países bateram os recordes de exportações nos últimos 20 anos, o Uruguai vendeu US$ 1 bilhão para os brasileiros.

"O Uruguai chegou a exportar US$ 1 bilhão, então é lógico que isso gera frustração. Há necessidade de pensar instrumentos novos", reafirmou Celso Amorim, que levou uma comitiva de representantes da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES).