Seminário discute manejo sustentável de animais selvagens da Amazônia

15/05/2006 - 19h07

Milena Assis
Da Agência Brasil

Brasília- Elaborar políticas sustentáveis de manejo para a fauna silvestre da Amazônia é a proposta do seminário promovido pelo Ministério do Meio Ambiente que começou hoje (15) e vai até sexta-feira (19) em Sobradinho (DF).

Participam do encontro representantes de instituições de pesquisa ambiental, técnicos em manejo de animais silvestres da Amazônia para fins comerciais e representantes ligados ao financiamento de atividades florestais. Eles vão discutir, dentre outros temas, meios para a diminuição do tráfico de espécies.

Segundo o presidente em exercício do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Walmir Ortega, uma das formas para se alcançar isso é criar alternativas de planejamento para o manejo dessas espécies no ambiente natural, como a produção em cativeiro.

"Podemos desenvolver um manejo a partir da coleta de ovos ou a partir de outras técnicas que são possíveis de derem feitas pela comunidade local e agregar valor a essas espécies da natureza assegurando a conservação para esses animais. Ou seja, podemos estimular comunidades a desenvolver algumas espécies em escala comercial", afirmou.

Ele disse que na região Centro Sul há expansão de criadouros comerciais que produzem uma espécie de jacaré em cativeiro com custo alto. No Pantanal e na Amazônia, acrescentou, há uma grande população dessa espécie que poderia ser manejada por comunidades locais, com custo de produção mais baixo. "Isso geraria emprego e ocupação para essas comunidades e abasteceria o mercado de carne e pele de jacaré, por exemplo", observou.

O coordenador de monitoramento do Instituto Mamurauá da Amazônia, João Valsecchi, trabalha há sete anos com pesquisa para o desenvolvimento sustentável de jacarés na Amazônia. De acordo com ele, em agosto deste ano haverá, pela primeira vez, um abate de 250 jacarés-açu criados de forma sustentável.

"A reserva de desenvolvimento sustentável Mamurauá tem uma das maiores populações de jacaré-açu da Amazônia. Anualmente, a população local, que trabalha no instituto faz uma contagem dos jacarés para saber quantos podem ir para o abate. A partir de agosto, esses dados vão ser usados para o abate legal dos animais".

Ele disse que o seminário é o "grande passo" para o manejo de fauna silvestre no país, além de ser uma maneira de "mostrar à sociedade que a fauna pode ser um recurso utilizado pelas populações locais e que possui um mercado próprio".