Via Campesina diz que denúncia do Ministério Público não tem base jurídica

25/04/2006 - 20h23

Porto Alegre, 25/4/2006 (Agência Brasil - ABr) - A Via Campesina do Rio Grande do Sul afirmou hoje (25), em nota à imprensa, que não tem base jurídica a ação apresentada pelo Ministério Público do estado denunciando 37 pessoas pelo ataque à unidade da Aracruz Celulose em Barra do Ribeiro, região metropolitana de Porto Alegre, no dia 8 de março. A denúncia do promotor de Justiça de Barra do Ribeiro, Daniel Indrusiak, foi apresentada ontem (24).

Na nota, a Via Campesina, uma rede de organizações que atuam no campo, diz que a ação é baseada em suposições do promotor. "São denúncias infundadas, que visam a responder à pressão dos meios de comunicação - patrocinados pela Aracruz, em especial o Grupo RBS - que têm agido sistematicamente de modo a criminalizar e a perseguir os movimentos sociais do Rio Grande do Sul".

Os camponeses afirmam, no documento, que vão provar, em juízo, o descabimento das denúncias e "esperar que o Poder Judiciário se paute mais pelo interesse público do que pela pressão das grandes empresas e da grande imprensa". O movimento reafirma ainda sua disposição de lutar contra as monoculturas de eucalipto, "da mesma forma que sempre lutou contra outras culturas predatórias ao meio-ambiente, à vida dos trabalhadores do campo e à saúde da população".

A nota destaca que a Via Campesina não é contra a ciência, mas ressalta que toda ciência tem por trás um projeto político. "Por isso, somos contra os desertos verdes, as enormes plantações de eucalipto, acácia e pinus para celulose, que cobrem milhares de hectares no Brasil e na América Latina".

O texto enfatiza que a ação das mulheres da Via Campesina, realizada no Dia Internacional da Mulher, "será um marco para as futuras gerações na defesa da vida na Terra". A entidade informou que um manifesto em apoio às mulheres da Via Campesina "está rodando o mundo inteiro e vem recebendo diversas assinaturas de personalidades, intelectuais, artistas e representantes de movimentos sociais".

Firmam o documento os movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), dos Pequenos Agricultores (MPA), dos Atingidos por Barragens (MAB) e de Mulheres Camponesas (MMC), que compõem a Via Campesina, além da Comissão Pastoral da Terra, Pastoral da Juventude Rural e a Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil.