Economista avalia que só ''fato novo'' reverteria situação de insolvência da Varig

11/04/2006 - 19h37

Rio, 11/4/2006 (Agência Brasil - ABr) - A situação da Varig nunca foi tão crítica como agora, na avaliação do coordenador de Estudos de Mercado e Regulação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ronaldo Seroa da Motta. Para ele, a solução definitiva que impeça a falência da companhia "está longe de ser alcançada".

Ele argumentou que somente um fato novo que interessasse a todos os credores e sócios poderia determinar se a Varig ainda tem capacidade de reverter o processo de insolvência. "Esse fato novo, porém, está cada vez mais difícil, porque cada vez menos se oferece pelo que resta de solvente da companhia. A cada dia o prejuízo aumenta e as ofertas ficam menos apetitosas e menos incentivadoras de cooperação entre as partes interessadas. A solução seria uma reversão muito grande dentro da empresa, em termos de gestão", afirmou.

Isso implicaria, segundo Motta, demissões acentuadas, redução de vôos, concentração em algumas áreas de interesse da empresa, que significariam também "um confronto com os empregados e o sindicato dos funcionários". Na opinião dele, todas as oportunidades já foram perdidas devido à complexidade do caso: "Sempre havia um número bastante importante dos que, politicamente, achavam que iam perder. Isso inviabilizava o processo".

Motta lembrou que práticas ineficientes de gestão e carga previdenciária muito alta fizeram com que as empresas grandes do setor aéreo, no mundo inteiro, sofressem perdas acentuadas de mercado e problemas de solvência: "Não é surpresa que isso tenha acontecido com a Varig. Segue um padrão internacional".

Segundo analisou o economista do Ipea, a possibilidade de venda da Varig sempre foi uma solução para a empresa, mas falta consenso entre os acionistas/credores. E "há o temor, no fundo de previdência [Aerus], de que o dinheiro que entre com a venda vá parar nas mãos de um sócio de forma desigual. A todo momento há uma briga entre esses acionistas e credores que inviabiliza a aquisição da Varig".

Do ponto de vista legal, concluiu, já se caracteriza a situação da Varig como empresa falida, "porque ela está na Justiça, em termos de intervenção econômica da empresa, e nada pode ser feito sem o juiz se pronunciar. A Varig está sendo beneficiada por essa nova Lei de Falências".