Taxa de mortalidade igual à do Chile pouparia 1 milhão de vidas no Brasil, diz pesquisador

01/12/2005 - 17h21

Rio, 1/12/2005 (Agência Brasil - ABr) - Se ao longo do período 2000-2004 o Brasil implementasse um conjunto de ações para reduzir drasticamente a sua taxa de mortalidade, atingindo o nível do Chile – 3,3 vezes inferior ao brasileiro –, estaria poupando mais de 1 milhão de vidas.

A avaliação é de Luis Antônio de Oliveira, coordenador de População e Indicadores Sociais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), sobre o estudo Tábua da Vida, divulgado hoje (1°). Segundo ele, do total poupado, 60,2% seriam mulheres e 204 mil crianças não morreriam antes de completar um ano de vida.

"O perfil da mortalidade brasileira provavelmente não permitirá ao País ingressar em um estágio menos constrangedor perante o contexto regional, se os investimentos no campo social não forem suficientes para, no mínimo, acelerar a diminuição das desigualdades internas", afirmou.

Para o IBGE, de acordo com as perspectivas atuais, o Brasil só atingirá este patamar de oito óbitos por cada grupo de mil crianças nascidas com vida, em 2040. "No que se refere à expectativa de vida ao nascer, o nível de 77,8 anos só seria alcançado em 2028", disse o coordenador.

Oliveira analisou que além da necessidade de mais investimentos, principalmente no saneamento básico, o tamanho continental do Brasil, com mais de 180 milhões de habitantes, aliado às desigualdades regionais decorrentes distribuição de renda, tem efeitos nos índices e na coordenação das políticas sociais. "Se separarmos as regiões Sul e Sudeste, por exemplo, do restante do país, o Brasil subiria para uma colocação muito boa no ranking", disse.

Para o coordenador, devido a essas desigualdades "os processos ficam mais lentos". Ele destacou também a necessidade de maior mobilização por parte de algumas populações, em torno das políticas sociais. E citou os exemplo do Ceará e de Roraima, que apresentaram a sexta e a décima-nona taxa de mortalidade do país, respectivamente, e apresentaram, ao lado de São Paulo, os mais significativos declínios no indicador – 70% em 24 anos.