Proposta para OMC é de corte de um ponto percentual para tarifa média de indústria, diz Amorim

01/12/2005 - 18h53

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, tentou tranquilizar o setor industrial, hoje (1º), durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Amorim ouviu pedidos de que o governo brasileiro não reduza muito suas tarifas de importação nas negociações 6ª Reunião Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), que ocorre entre os dias 13 e 18 em Hong Kong.

Amorim diz que o único "aceno" que o Brasil vai fazer na área industrial é a redução da tarifa média de 10,8% para 9,9%. "Acho que nossa oferta é significativa, mas se mantém nos níveis do razoável", afirmou o ministro. Ele enfatizou, ainda, que o Brasil poderá "se valer das flexibilidades que estão previstas e pelas quais o país lutar até o fim no acordo da OMC". Tais flexibilidades permitiriam excluir da redução média de tarifa aqueles setores considerados mais sensíveis e nos quais se justifique uma proteção maior.

O chanceler destacou que a oferta brasileira só será mantida no caso de concretização de uma oferta positiva, da parte da União Européia e dos Estados Unidos, tanto em acesso a mercados quanto em redução de subsídios. "Não é possível que a redução pedida em produtos industriais para países em desenvolvimento seja maior do que a redução oferecida para produtos agrícolas em países desenvolvidos", afirmou. "Isso cria uma dupla injustiça porque essa rodada tem dois objetivos básicos: diminuir o hiato entre países desenvolvidos e em desenvolvimento e diminuir o hiato, também, entre agricultura e indústria".

Outro argumento justifica a barganha: segundo Amorim, o setor industrial brasileiro emprega em tono de 35% da população, enquanto a Agricultura emprega 2% da população nos países capitalistas avançados. "Mesmo na hipótese extrema que os 2% tivessem que sair da agricultura, eles teriam 2% de desempregados, o que é muito diferente do efeito que pode ter na indústria".