Falta de informação é maior inimigo do projeto de integração do São Francisco, diz ministro

08/11/2005 - 23h26

Adriana Franzin
Da Agência Brasil

Brasília - O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, disse na noite de ontem (8), em debate com a direção da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e com o Conselho Permanente da entidade, que o maior inimigo do projeto de integração do Rio São Francisco às bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional é a falta de informação.

Segundo o ministro, a discussão em torno do projeto tem sido mais emocional que técnica. Agora, destacou, "trata-se de demonstrar que há necessidade desse projeto e que o rio São Francisco pode fornecer esse pouco de água sem que haja prejuízo para a vida do rio e das populações ribeirinhas".

Antes da reunião, o ministro havia afirmado que o projeto está pronto e será iniciado assim que o debate for ampliado e forem superados os obstáculos judiciais. Na CNBB, ele defendeu que o projeto não é solução para a seca: "A seca é como a neve, ela sempre vai acontecer. O que nós estamos preparando é segurança para o abastecimento urbano de 12 milhões de pessoas, o que corresponde a 40% da população da região". Segundo ele, a proporção mínima recomendada para o abastecimento de água é de 1.500 metros cúbicos por habitante ao ano, mas a média do Nordeste é de 450 metros cúbicos.

Ciro Gomes salientou que o projeto está condicionado, legalmente, pelo termo de outorga da Agência Nacional de Águas e que pede 26 metros cúbicos por segundo, quantidade apontada por estudos técnicos como suficiente para o estrito abastecimento humano e animal. Esse volume equivaleria a 1% da vazão mínima da foz do rio e seria retirado de duas barragens: a de Cabrobó e de Itaparica. Dessa forma, seria evitada a falta de água em outras regiões abastecidas pelo rio. "Isso significa que se o projeto fosse feito escondido, ninguém notaria", brincou. E ressaltou que, a fim de evitar o desperdício, a água passará a ser cobrada: R$ 0,11 por metro cúbico.

Sobre a revitalização do rio, o ministro afirmou que "se todo o dinheiro do mundo fosse aplicado, demoraria 20 anos para se concretizar". E acrescentou: "Revitalização não é uma palavra vazia. É um projeto de saneamento básico, é um projeto de reposição de mata ciliar em 5.700 quilômetros de margem de rio, é um processo de educação ambiental, de se livrar da esquistossomose, de estruturação de pesca intensiva". Segundo o ministro, o governo já aplicou R$ 120 milhões no programa de reposição das matas ciliares, mas o maior problema é o de saneamento básico: 250 comunidades lançam esgoto no São Francisco.

O presidente da CNBB, dom Geraldo Magela, disse que o projeto é muito complexo e a maior preocupação é com a revitalização: "O importante é se revitalize o rio e que se faça um projeto realmente capaz de atender aos anseios da sociedade".